Intervenção no Rio apreende, em média, só uma arma por operação
Após seis meses de trabalho, 373 armas foram retidas em 372 operações monitoradas, apoiadas por 172 mil agentes de segurança
Rio de Janeiro|PH Rosa e Rayssa Motta*, do R7
O Observatório da Intervenção Federal no Rio de Janeiro apresentou, nesta quinta-feira (16), dia em que o decreto da intervenção completa seis meses, um relatório com os resultados das ações das Forças de Segurança no Estado.
Nesse período (desde 16 de fevereiro), foram realizadas 372 operações monitoradas, com emprego de 172 mil agentes, que resultaram na apreensão de 373 armas — média de uma arma por ação. Também nesse período, as incursões registraram 81 mortes no geral.
No relatório Vozes Sobre a Intervenção, os pesquisadores analisaram o plano estratégico divulgado oficialmente em julho pelo GIF (Gabinete de Intervenção Federal) e identificaram que, das 66 metas definidas, apenas quatro foram direcionadas à inteligência. Apenas duas delas foram cumpridas até o dia 5 de agosto.
Quanto ao combate à corrupção nas polícias, uma promessa dos interventores, segundo o observatório, nenhuma proposta foi apresentada.
Com os dados do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro), o relatório aponta que foram registrados 2.617 homicídios dolosos de fevereiro a julho e 736 mortes em decorrência de ação policial em todo o Estado. Já os agentes de segurança mortos nesse período foram 51, sendo apenas um militar.
O que chamou atenção dos pesquisadores foi a disparidade na incidência criminal em diferente regiões do Rio de Janeiro. Na zona sul da capital, os bairros Copacabana, Ipanema, Leblon e Botafogo registraram 35 homicídios e 17 mortes provocadas em operações da polícia. Já na Baixada Fluminense, o município de Nova Iguaçu registrou 159 assassinatos e 44 pessoas mortas pela polícia.
Tiroteios
De acordo com o aplicativo Fogo Cruzado, do início da Intervenção federal até a segunda-feira (13), foram registrados 4.850 tiroteios, enquanto que, nos seis meses anteriores ao decreto, 3.447 confrontos foram notificados no sistema — um aumento de 40%.
Esses confrontos mataram 742 pessoas e deixaram 620 feridas, segundo o observatório. Também foram registradas 31 chacinas com 130 mortes.
Gastos
Após o decreto, o governo federal abriu um crédito de R$ 1,2 bilhão para a intervenção, em março de 2018. Até o final de julho, a presidência empenhou R$ 830 mil e pagou R$ 103 mil dessa verba.
Entretanto, o relatório aponta que não há detalhamento de como os recursos foram gastos. Eles dizem também que há um Plano de Execução Orçamentária, que não está disponível ao público.
* Estagiária do R7, sob supervisão de Raphael Hakime