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Jacarezinho: Entidade pede investigação da cúpula da Polícia Civil

Organização Human Rights Watch diz que MP-RJ deve investigar comandantes que planejaram e ordenaram incursão na comunidade

Rio de Janeiro|Rafaela Oliveira, do R7*

HRW diz que remoção de corpos no Jacarezinho destruiu provas
HRW diz que remoção de corpos no Jacarezinho destruiu provas

A organização internacional Human Rights Watch divulgou um relatório, nesta segunda-feira (31), sobre a operação no Jacarezinho, na zona norte do Rio. No documento de dez páginas, a Entidade pede que o Ministério Público investigue a cúpula da Polícia Civil envolvida na incursão policial do dia 6 de maio. A ação policial foi a mais letal da história, com 28 mortes. 

Dentre os mortos, está um adolescente de 16 anos e um inspetor da Polícia Civil.

No relatório, a instituição que trabalha pelos direitos humanos diz que examinou registros de ocorrência da polícia, documentos judicais, dos hospitais, depoimentos de testemunhas e fotos e vídeos de cadáveres. Para o diretor da divisão das Américas da HRW, José Miguel Vivanco, a operação no Jacarezinho "foi um desastre". 

“O Ministério Público do Rio de Janeiro deveria investigar minuciosamente não apenas os policiais civis diretamente envolvidos na incursão, mas também os comandantes que planejaram e ordenaram a ação, garantindo a devida responsabilização pelos abusos e aparente destruição de evidências do local dos fatos", declarou José Miguel Vivanco.


Segundo o documento:

Encontramos evidências críveis ​​de graves abusos de direitos humanos. Várias testemunhas disseram que a polícia executou ao menos três suspeitos; pelo menos quatro detidos disseram que foram agredidos pela polícia; e diversas evidências indicam que os policiais removeram corpos a fim de destruir provas. 


Os promotores afirmaram que o objetivo da operação era o cumprimento dos mandados de prisão de 21 pessoas que foram denunciadas em abril por associação para o tráfico de drogas. No entanto, a polícia só informou o Ministério Público da operação três horas após o seu início.

As únicas evidências apresentadas na denúncia, analisada pela Human Rights Watch, são imagens postadas em redes sociais que, segundo os promotores, mostram os suspeitos com armas e drogas. A denúncia os descreve como membros do baixo escalão de uma facção.


O Ministério Público deveria investigar se os policiais cometeram delitos, incluindo o crime de fraude processual, por destruição de provas do local dos fatos.

No dia 19 de maio, o Grupo de Trabalho de Defesa da Cidadania, formado por 11 instituições e coordenado pelo Ministério Público Federal, também enviou um pedido de investigação independente ao MP-RJ para apurar "indícios de execução sumária de cidadãos e de adulteração de cenas de crime" no Jacarezinho.

Para o grupo, a ausência de preservação das cenas dos assassinatos e a apresentação de um pouco mais de 20 armas, em uma operação com cerca de 200 agentes, revelam um "descompromisso com a busca da verdade".

De acordo com o relatório da HRW, dos 200 policiais, só 29 foram ouvidos no dia da operação e não individualmente, mas em grupos de dois ou mais: "As declarações são superficiais e, em muitos casos, com apenas cinco linhas". Além disso, 26 armas foram recolhidas para análise balística e a perícia foi feita em só três dos 27 homicídios cometidos pela polícia.

Ainda segundo o documento da entidade, o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, disse à Comissão de Direitos Humanos da seção do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil que todas as pessoas trazidas do Jacarezinho em 6 de maio estavam mortas quando chegaram na unidade.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Celso Fonseca

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