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Moradores de comunidades não vão ao médico mesmo com sintomas da covid

Levantamento feito em 322 comunidades do Rio de Janeiro mostra que 75% de quem teve sintomas, não procurou atendimento médico

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

Pesquisa foi feita em 322 comunidades em todo o estado do Rio de Janeiro
Pesquisa foi feita em 322 comunidades em todo o estado do Rio de Janeiro

Uma pesquisa feita pela organização Viva Rio mostrou que 75,5% das pessoas com sintomas de covid-19 nas favelas não procuraram atendimento médico e que metade conhece alguém próximo que morreu da doença. A pesquisa revela ainda que 10% das mortes ocorreram dentro de casa, sem qualquer assistência médica.

O levantamento integra a iniciativa SOS Favela – Rede Solidária contra o coronavírus, que tem um cadastro de 32.037 famílias em 332 comunidades de 29 municípios do estado do Rio de Janeiro. O questionário foi aplicado pela internet entre os dias 9 e 16 de maio. Todas as famílias cadastradas foram convidadas a participar da pesquisa e 3.542 responderam sobre o impacto da covid-19 em sua vida.

Os dados obtidos mostram que 8,8% dos domicílios das favelas têm ao menos uma pessoa infectada e que 4,2% disseram não estar infectados, mas convivem com pelo menos uma pessoa com a doença. Das pessoas que responderam à pesquisa, 3,2% informaram ter tido diagnóstico positivo para covid-19, variando de 4,5%, na capital, a 0,4%, no interior.

Considerando a alta taxa de contágio do novo coronavírus e a dificuldade de isolamento dos moradores das favelas, a organização estima que o número de pessoas com covid-19 nas comunidades pode chegar em breve a 150 mil. A pesquisa indica também que as pessoas contaminadas são as que precisam sair de casa para trabalhar, já que 87,9% tem entre 25 e 59 anos de idade.


O levantamento mostra ainda que a pandemia já se instalou na Baixada Fluminense. Enquanto, no interior do estado, 16,5% dos entrevistados disseram que ele próprio, ou alguém dentro de casa, teve sintomas da doença; na capital, o percentual é de 39,2% e na Baixada, de 34%. O percentual dos que tiveram resultado positivo em testes na região ficou em 2,4%.

Segundo a organização, a desigualdade na assistência ocorre também entre as favelas. Enquanto 11,9% dos entrevistados da Baixada relataram a morte de pessoas próximas por covid-19, ou suspeita dentro de casa; na capital, são 11,6%, em São Gonçalo, 9,5%, em Niterói, 3,3% e no interior, 3,1%.


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O Painel Coronavírus nas Favela, do jornal Voz das Comunidades, mostra que, na capital, essas localidades tem 842 casos confirmados de covid-19, com 202 mortes, conforme dados atualizados na noite de ontem (25). A Rocinha é a favela com mais casos: 152, no total, e 52 mortes. A Maré vem em segundo, com 142 confirmações da doença e 23 óbitos.

No Complexo da Maré, o monitoramento feito pela organização Redes da Maré indica uma diferença de 193% com relação aos dados oficiais da prefeitura. A terceira edição do boletim De olho no Corona!, divulgado na quinta-feira (21), diz que as 16 favelas do complexo somavam, até o dia 18 de maio, 261 pessoas com suspeita ou confirmação da doença e 38 óbitos associados à covid-19.

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