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Morre, aos 100 anos, o jornalista Hélio Fernandes, preso na ditadura

Recentemente, foi protagonista do documentário Confinado, que conta sua trajetória e a experiência nas prisões. Ele será cremado na quinta, na região central

Rio de Janeiro|

Filha do jornalista, Ana Carolina Fernandes compartilhou uma foto com o pai nas redes sociais
Filha do jornalista, Ana Carolina Fernandes compartilhou uma foto com o pai nas redes sociais Filha do jornalista, Ana Carolina Fernandes compartilhou uma foto com o pai nas redes sociais

Morreu na madrugada desta quarta-feira (10), aos 100 anos, o jornalista Hélio Fernandes. Nome histórico da imprensa brasileira, ele estava em casa, no Rio, ao lado das duas filhas. Segundo uma delas, a fotógrafa Ana Carolina Fernandes, era assim que ele queria morrer. Não houve uma causa exata para o óbito.

Preso diversas vezes durante a ditadura militar, Hélio comandou a Tribuna da Imprensa, jornal fundado pelo amigo Carlos Lacerda, ex-governador do então estado da Guanabara. As detenções se deram após críticas ao regime. Ele foi levado a presídios em Fernando de Noronha e no interior de São Paulo.

Assim como Lacerda, Hélio apoiou o golpe de 1964, mas logo depois passou a criticar os militares e o presidente Humberto Castelo Branco. Dois anos depois, tentou se candidatar a deputado federal pelo MDB, mas teve os direitos políticos cassados por dez anos e foi preso após um debate na PUC-Rio. Também ficou proibido de assinar artigos - para driblar a censura, adotou o pseudônimo de João da Silva.

"Com a morte de Castelo Branco, a humanidade perdeu pouca coisa, ou melhor, não perdeu coisa alguma. Com o ex-presidente, desapareceu um homem frio, impiedoso, vingativo, implacável, desumano, calculista, ressentido, cruel, frustrado, sem grandeza sem nobreza, seco por dentro e por fora, com um coração que era um verdadeiro deserto do Saara", escreveu em 1967, segundo registro do CPDOC da FGV.

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Irmão de Millôr Fernandes, Hélio trabalhou, antes de assumir a Tribuna, na revista O Cruzeiro e em outros veículos da imprensa, como o Diário Carioca. Comandando a seção de Esportes, contratou cronistas de fora da área, como Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos, além do próprio irmão, para dar uma nova abordagem ao futebol no contexto da Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil.

Cinco anos depois, Hélio assumiu a assessoria de imprensa da campanha de Juscelino Kubitschek à Presidência da República.

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Mesmo aos 100 anos, o jornalista se mantinha lúcido e tinha uma conta no Facebook. Recentemente, foi protagonista do documentário Confinado, que conta sua trajetória e a experiência nas prisões.

Hélio Fernandes será cremado nesta quinta-feira, às 13h, no Cemitério do Caju, na região central do Rio.

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