MP-RJ denuncia 3 bombeiros por esquema de liberação de alvarás
A Record TV Rio teve acesso com exclusividade a conversas telefônicas que mostram como funcionava o esquema ilegal
Rio de Janeiro|Mariene Lino, do R7*, com informações de Rael Policarpo, da Record TV Rio
O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), denunciou três bombeiros apontados como integrantes de um esquema criminoso de liberação de alvarás de funcionamento na Baixada Fluminense.
De acordo com o promotor Fabio Correa de Matos Souza, os acusados exigiam pagamentos para que fossem expedidos alvarás para estabelecimentos que estavam irregulares, assim como dificultavam a documentação para locais com plenas condições de funcionamento.
Segundo fontes ligadas ao jornalismo da Record TV, um hospital particular no centro de Duque de Caxias funcionou sem alvará oficial, mas com autorização do grupo criminoso.
Dois tenentes-coronéis respondem por corrupção passiva em razão do recebimento de vantagem indevida. Já um capitão foi denunciado pelo crime de prevaricação por não ter notificado o hospital.
O MP-RJ pede ainda que os bombeiros percam os cargos e que sejam impedidos de assumirem cargos públicos por oito anos.
Operação Ingenium
A denúncia é um desdobramento da Operação Ingenium, que ocorreu no fim de 2017, para apurar as práticas dos crimes.
A reportagem teve acesso com exclusividade a conversas telefônicas autorizadas pela Justiça entre os denunciados. Em uma delas, um tenente-coronel e um major conversam sobre o perfil de bombeiro para o esquema e comemoram o sucesso nos negócios.
"Essa semana vai explodir de novo! No meio da crise, estamos fazendo festa", disse um major.
Em outro diálogo, dois denunciados falam sobre uma das operações de repasses de verbas. Eles usam os termos "Bebeto" e "Betinho" para se referir ao dinheiro.
"Bebetinho e pra frente tá tudo certo... Não enche o saco. Se encher o saco, vai rodar", afirma um deles.
Ao todo, o MP-RJ já denunciou 35 bombeiros militares e quatro empresários. As investigações mostram que o grupo cobrava entre R$ 750 e R$ 30 mil pelos serviços. No entanto, o valor movimentado pelo esquema criminoso ainda não foi calculado.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira