MPF denuncia ex-secretário de Obras por lavagem de dinheiro
Outros três foram denunciados por esquema de propina que envolveu a empreiteira Andrade Gutierrez e obras do BRT Transcarioca e BRT Transbrasil
Rio de Janeiro|Thaís Silveira, do R7*
O MPF (Ministério Público Federal) no Rio de Janeiro ofereceu nova denúncia contra o ex‑secretário de Obras do Rio Alexandre Pinto por corrupção passiva, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O doleiro Juan Luis Bertrán, o ex-diretor financeiro da Andrade Gutierrez Miguel Barreiros e um colaborador também foram denunciados.
A denúncia revela como o ex-secretário utilizou contas abertas no exterior em nome de empresas ligadas ao colaborador e com a ajuda dele e do doleiro Juan Luis Bertrán para receber e ocultar dinheiro de propina. Dessa forma, os acusados favoreceram o interesse de empreiteiras, prestadores de serviços e fornecedores de materiais em obras como o BRT Transcarioca, BRT Transbrasil e a recuperação ambiental da bacia de Jacarepaguá.
Segundo os procuradores da República, o esquema envolveu a construção da offshore panamenha Centovali Trading Corp e a abertura de uma conta no banco CFM Mônaco. A primeira remessa para esta conta foi realizada em 2013, no valor de US$ 274 mil e, para movimentar os recursos, o ex-secretário de Obras teve o auxílio do colaborador e de Bertrán.
O ex-secretário foi preso desde janeiro deste ano, no âmbito da operação Lava Jato, por superfaturamento em obras da prefeitura na gestão Eduardo Paes. Antes, ele já havia sido detido em agosto de 2017, durante a ação Rio 40 Graus, deflagrada com base na delação da empreiteira Carioca Engenharia. No entanto, Pinto foi liberado em novembro do mesmo ano.
Esquema
A mesma conta em Mônaco recebeu parte do dinheiro vindo de propina paga pela empreiteira Andrade Gutierrez. A empresa transferiu US$ 1,04 milhão a Alexandre Pinto por meio de um contrato fictício celebrado entre a Bynkelor, de propriedade do colaborador, e a Zagope Gulf Contracting, do grupo Andrade Gutierrez, com a transferência dos valores das contas da Zagope para uma conta no Uruguai em nome da Bynkelor.
Posteriormente, US$ 914 mil foram transferidos do Uruguai para a conta da offshore em Mônaco, onde permaneceram à disposição do ex-secretário. Para distanciar os valores de sua origem, os recursos passavam por uma série de contas intermediárias movimentadas por Bertrán.
Em outubro de 2015, a conta no CFM Mônaco foi encerrada e o valor de cerca de US$ 1,2 milhão foi transferido para uma conta em nome da Centovali no Uruguai. Na mesma época, o colaborador emitiu um cartão de crédito pré-pago, que foi utilizado por Pinto e sua mulher em uma viagem a Nova York. O ex-secretário gastou mais de US$ 7 mil em lojas de luxo.
A conta da offshore no Uruguai foi encerrada em novembro de 2016 e o total de US$ 1,4 milhão foi transferido para conta da Bynkelor. Além do valor em dólar, o colaborador ainda guardava R$ 1,69 milhão pertencentes a Pinto. Como parte do acordo celebrado com o MPF, o colaborador restituiu os valores que guardava do ex-secretário, em um total de R$ 6,1 milhões.
O R7 tenta contato com a defesa dos denunciados.
*Sob supervisão de PH Rosa