Mulher relata ter sido dopada por motorista de aplicativo no Rio: "Disse que era álcool"
Passageira conta que ação da substância foi imediata, mas ela conseguiu interromper corrida na Barra. Polícia investiga o caso
Rio de Janeiro|Rafaela Oliveira, do R7*
Uma mulher relatou ter sido dopada por um motorista de aplicativo durante uma viagem de São Conrado para a Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na última segunda-feira (2). Segundo ela, o homem afirmou que a substância no spray se tratava de álcool, mas o cheiro era muito forte e fez com que ela sentisse uma "pressão na cabeça".
Ainda de acordo com o relato nas redes sociais, a ação da substância foi imediata. "Em questão de segundos, eu estava vendo tudo turvo e com muita dificuldade de respirar", contou a internauta.
Na ocasião, a passageira pegou um carro da modalidade comfort e, por isso, o ar-condicionado do veículo estava ligado. "Abri o vidro assim que percebi que algo estava estranho, e ele [motorista] logo se espantou", disse. "Percebi que ele começou a andar com o carro mais devagar — provavelmente fazendo hora para dar o efeito", completou.
"A respiração cada vez mais forte, coração disparado, visão turva, pressão na cabeça e sentindo meu corpo ficar mole e sem sentir toque das coisas — esses eram os meus sintomas", relatou a vítima. Para escapar da situação, a moça disse que tentou não demonstrar medo.
Ao passarem por uma unidade de saúde particular na avenida das Américas, a passageira pediu ao motorista de aplicativo que parasse para que ela pudesse comprar água. Ainda que com certa resistência do prestador de serviço, a mulher insistiu em sair do veículo e conseguiu interromper a viagem.
Então, ela desceu do carro "a ponto de desmaiar e nitidamente drogada", como contou. Os funcionários da unidade de saúde a assistiram. Caso o motorista não parasse, a vítima disse que iria pular do carro.
O motorista já foi bloqueado da plataforma após o relato. Contatado pelo R7, o presidente do SindMobi (Sindicato dos Prestadores de Serviços por Aplicativos), Luiz Corrêa, explicou que há procedimentos de checagem e punição de motoristas pelas empresas.
"Hoje, para [o motorista] ser liberado pela plataforma para rodar, a empresa faz checagem de apontamento criminal. Qualquer relato grave do passageiro, o motorista precisa fazer uma defesa e, se for reincidente, é bloqueado. Casos de racismo, preconceito... têm bloqueio instantâneo", explicou.
Para Luiz, o relato parece ter pontas soltas. "Se o motorista quisesse fazer algo com a passageira, não ia parar o carro para [ela] desembarcar", comentou.
Em nota, a Uber informou que trata todas as denúncias com a máxima seriedade e avalia cada caso individualmente para tomar as medidas cabíveis. "A empresa permanece com seu canal de ajuda sempre aberto para oferecer suporte e receber denúncias pelo aplicativo e informa que segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei", afirmou.
Depois do ocorrido, a mulher acionou a Polícia Civil, pela 12ª DP (Copacabana). No entanto, o caso foi encaminhado para o Jecrim (Juizado Especial Criminal).
*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa