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Perfis de denúncia são desserviço, diz coordenador da Lei Seca

Brecha na lei impede que páginas sejam retiradas do ar

Rio de Janeiro|Tiago Bruno, do R7*

Tenente-coronel Marco Andrade, coordenador da Lei Seca
Tenente-coronel Marco Andrade, coordenador da Lei Seca Tenente-coronel Marco Andrade, coordenador da Lei Seca

Adaptando-se ao verão, a operação Lei Seca voltou a realizar no último dia 4, pelo quarto ano consecutivo, a Operação Verão, que consiste em fiscalizar os principais acessos às praias, áreas de lazer e cachoeiras por toda a região metropolitana e interior do estado do Rio de Janeiro. No entanto, páginas, sites e aplicativos, criados especificamente com a finalidade de expor os locais onde a operação está sendo realizada seguem em funcionamento, fazendo com que motoristas que consumiram bebidas alcoólicas recorram a este expediente para não serem flagrados.

Para o coordenador da Lei Seca, tenente-coronel Marco Andrade, essas páginas representam um desserviço à sociedade, uma vez que o Brasil produz mais de 40 mil mortes por ano em acidentes de trânsito. De acordo com ele, as redes sociais, quando mal usadas, podem trazer grandes malefícios para a população.

No entanto, segundo o advogado Pedro Saliba, com atuações na área de direitos na internet, a atitude não pode ser considerada crime, uma vez que trata-se do princípio da liberdade de expressão, como previsto na Constituição Federal: livre expressão da atividade de comunicação (artigo 5º, IX), manifestação do pensamento (art. 5º. IV) e acesso à informação (art. 5º, XIV). Além disto, o especialista salienta:

— Geralmente enquadram esta prática nos termos do artigo 265 do Código Penal, que versa sobre atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública. No entanto, existe uma falha técnica fundamental: as blitz são serviços públicos, e não serviços de utilidade pública — afirma Pedro.

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Segundo o advogado, com a implantação do Marco Civil da internet, lei que regulamenta a produção de conteúdo, a retirada desses sites só seria possível com uma ação judicial.

Contraditoriamente, pessoas que utilizam esses perfis nas redes sociais para burlar a Lei Seca, apoiam as as punições impostas a quem dirige embriagado. Beatriz H., de 22 anos, que usa a internet para não ser flagrada na operação, reconhece que está errada por utilizar os meios e afirma que é preciso ter responsabilidade ao colocar a vida de outras pessoas em risco. Já para Rodrigo P., também de 22 anos, o uso dos aplicativos após a ingestão de grandes quantidades de álcool durante o fim de semana é frequente. Apesar disso, o motorista defende as blitzes:

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— Sou a favor, é uma forma de prevenirem acidentes fatais

Mudança de perspectiva

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Somente no ano passado, a Lei Seca abordou 342.100 motoristas, 14.610 deles embriagados. Destes, 17.716 motoristas, sendo 1.000 deles com níveis de álcool no sangue, foram registrados durante a Operação Verão do mesmo ano.

Perfis que revelam ação da Lei Seca possuem colaboradores diários
Perfis que revelam ação da Lei Seca possuem colaboradores diários Perfis que revelam ação da Lei Seca possuem colaboradores diários

Ainda de acordo com o advogado, por mais que o grande interesse em burlar a Lei Seca seja preocupante — 1.75 milhões de pessoas seguem um dos perfis nas redes sociais — é importante vislumbrar os resultados práticos da operação, não apenas na diminuição dos óbitos por embriaguez no trânsito, mas a mudança da forma de enxergar da sociedade, que agora parece não ver com bons olhos a mistura de direção e bebidas alcoólicas.

*Sob supervisão de Celso Fonseca

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