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PF faz operação para a reintegração de posse em terreno da UFRJ

Moradores afirmam ter sido pegos de surpresa e cobram promessa de moradias alternativas; vila existe desde 1950

Rio de Janeiro|Rayssa Motta*, do R7, com RecordTV

Agentes da Polícia federal cumprem mandados para reintegração de posse
Agentes da Polícia federal cumprem mandados para reintegração de posse

João Batista tem 77 anos. Desde que nasceu ele mora na Ilha do Fundão, na zona norte do Rio de Janeiro. Na manhã desta quarta-feira (25), o aposentado foi acordado por agentes da Polícia Federal pedindo que ele deixasse a casa que pertence à família há 80 anos.

— Não sei para onde eu vou, vou dormir dentro do carro, tomar banho de praia. Não tenho pra onde ir — desabafou ele, em entrevista à RecordTV.

Seu João é o morador mais antigo da localidade conhecida como Praia do Mangue, que fica próximo à Reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em um terreno que hoje pertence à universidade.

A vila residencial existe desde os anos 1950, antes mesmo da Ilha do Fundão se tornar a Cidade Universitária. Os cerca de 40 residentes são ex-funcionários da própria UFRJ, como Sr. João, que começou a trabalhar na instituição aos 15 anos e se aposentou como servidor da universidade.


A decisão pela reintegração de posse, fruto de uma ação movida pela UFRJ desde 1996, chegou ao fim com o mandado judicial expedido pela 5ª Vara Federal do Rio de Janeiro e pelo TCU (Tribunal de Contas da União), em dezembro do ano passado.

A ação seria acompanhada pela construção de casas na Vila Residencial da universidade através de um projeto desenvolvido e supervisionado pelo ETU (Escritório Técnico) da UFRJ. As casas de alvenaria poderiam ser construídas em pouco mais de um mês, segundo a própria univerdade.


Os moradores, entretanto, afirmam que foram pegos de surpresa com a ação desta quarta e que a promessa de moradias não foi cumprida.

Em uma nota divulgada no site da Prefeitura da UFRJ, em março deste ano, a Reitoria afirmava que os moradores poderiam permanecer no local até o mês de agosto deste ano e que a universidade estava determinada a garantir o direito social à moradia e o respeito aos direitos humanos.


"Considerando a história e situação social, a Reitoria buscou solucionar a questão da moradia para as famílias identificadas. Assim, a Vila Residencial da Universidade, também localizada na Cidade Universitária, cederá terreno para a construção de novas casas, mantendo as famílias no contexto social em que estão inseridas. A UFRJ auxiliará a busca de recursos para a construção das casas por meio de captação popular (crowdfunding), com participação de entidades da sociedade civil, em articulação com os movimentos de luta pela moradia, e da Associação de Moradores da Vila Residencial", escreveu a Reitoria.

Procurada pelo R7, a universidade não respondeu até o fechamento desta matéria.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.

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