Polícia apreende R$ 1,2 milhão com delegada em operação no Rio
Ação tem como alvo grupo liderado por Rogério de Andrade e integrado por Ronnie Lessa, réu pela morte de Marielle Franco
Rio de Janeiro|Gabriel Pieroni*, do R7
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) prendeu, na manhã desta terça-feira (10), o delegado Marco Cipriano, da Polícia Civil, durante operação contra uma rede de jogos de azar e apreendeu R$ 1,2 milhão na casa da delegada Adriana Belém durante cumprimento de busca e apreensão, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
O alvo da ação é a quadrilha liderada pelo contraventor Rogério de Andrade e seu filho Gustavo de Andrade, que também é integrada por outros criminosos, incluindo o PM reformado Ronnie Lessa, réu pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Segundo as investigações, Rogério e Gustavo de Andrade comandam uma estrutura criminosa organizada, voltada para a exploração de jogos de azar no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil. O domínio do grupo tem dois pilares: corrupção de agentes públicos e emprego de violência contra concorrentes e desafetos.
Ainda segundo os promotores de Justiça, essa organização criminosa estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos integrantes de diversas esferas estaduais, principalmente ligados à segurança pública, incluindo tanto agentes da Polícia Civil quanto da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Em um dos episódios, Cipriano – preso nesta manhã – intermediou um encontro entre Ronnie Lessa e Adriana Cardoso Belém, então delegada de polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca). O encontro viabilizou a retirada de caminhões com mais de 80 máquinas caça-níqueis apreendidas em casas de apostas pela polícia, tendo o pagamento da propina sido providenciado por Rogério de Andrade.
A Operação Calígula foi deflagrada para o cumprimento de 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão, incluindo quatro bingos. Ao todo, 30 pessoas foram denunciadas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Parceria antiga
A parceria criminosa entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa é apontada nas denúncias como antiga, havendo elementos de prova de sua existência ao menos desde 2009, quando Lessa, indicado como um dos seguranças de Rogério, perdeu a perna em um atentado a bomba que explodiu seu carro.
Posteriormente, em 2018, ano da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, os dois denunciados se reaproximaram, abrindo uma casa de apostas na localidade conhecida como Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, havendo elementos que indicam a previsão de inauguração de outras casas na zona oeste do Rio de Janeiro.
O bingo foi fechado pela PM no dia de sua inauguração. Em seguida, após ajustes de corrupção com policiais civis e militares, a casa foi reaberta, e as máquinas apreendidas foram liberadas.
* Estagiário do R7, sob supervisão de PH Rosa