Polícia do Rio investiga morte de vereadora como execução
Segundo delegado, suspeitos sabiam exatamente a posição de Marielle Franco (PSOL) dentro do carro e, por isso, crime foi planejado e pensado
Rio de Janeiro|Raphael Hakime, com Record TV Rio
A DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil do Rio de Janeiro adotou a hipótese de execução na investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) na noite da última quarta-feira (14), conforme apuração da Record TV.
Marielle foi alvo de uma emboscada, dentro de um carro, quando deixava o evento Jovens Negras Movendo Estruturas, organizado por ela própria na Casa das Pretas, na Lapa.
O motorista de Marielle, Anderson Pedro Gomes, foi atingido pelos disparos e não resistiu aos ferimentos. A assessora da vereadora, que também estava no carro, levou um tiro de raspão e sobreviveu ao atentado.
O delegado responsável pela apuração não divulgou o conteúdo das 5h de depoimento da assessora da vereadora, que ocorreu durante a madrugada. Para a polícia, os suspeitos sabiam exatamente a posição da vereadora dentro do veículo, portanto, foi um crime planejado e pensado anteriormente. Marielle estava no banco de trás. Anderson e a assessora estavam no banco da frente.
Os suspeitos, segundo a polícia, atiraram apenas contra ela e o motorista foi atingido porque estava no banco da frente.
Os investigados encontraram nove cápsulas no local do crime — o carro foi atingido por, ao menos, oito projéteis. Marielle foi alvejada por quatro disparos, todos na cabeça. Segundo testemunhas, os suspeitos emparelharam o carro e começaram a atirar.
A imprensa estrangeira afirmou, entre outras frases, que o assassinato de Marielle "chocou o Rio de Janeiro" e provocou "comoção" entre os brasileiros.
Marielle Franco
Marielle era socióloga, se formou na PUC-Rio, e tinha mestrado em Administração Pública pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Foi eleita vereadora do Rio de Janeiro com 46.502 votos, sendo a quinta vereadora mais votada na eleição de 2016.
Era uma ativista e defensora dos direitos humanos e utilizava com frequência as redes sociais para denunciar abusos policiais na cidade do Rio.
Ela também havia coordenado a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e decidiu atuar na defesa dos direitos humanos após perder uma amiga, vítima de bala perdida, em um tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré.
No último sábado (10), Marielle publicou no Facebook que "o 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari [zona norte]".
Uma semana antes, no dia 3 de março, a vereadora criticou a intervenção federal no Rio de Janeiro. "Uma política de Segurança Pública ineficaz, desumana, violenta e cara. Aprofundar esse tipo de política com a Intervenção Federal é piorar ainda mais esse quadro", publicou Marielle.
O partido da vereadora emitiu uma nota (íntegra abaixo) de pesar e disse que "a atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL".
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), também lamentou a morte da vereadora e disse que a "honradez, bravura e espírito público [de Marielle] representava com grandeza inigualável as virtudes da mulher carioca".
Nota do PSOL
"O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!"