Prisão de presidente do Detran-RJ suspende emissão de documentos
Órgão afirma que exoneração de Leonardo Silva Jacob, preso na operação Furna da Onça, impede chancela de documentação no Estado do Rio
Rio de Janeiro|Lucas Ferreira, do R7*
O Detran-RJ (Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro) suspendeu parte de suas atividades nesta sexta-feira (9). Identidades, habilitações e documentação relacionada a carros tiveram suas emissões interrompidas pela exoneração de Leonardo Silva Jacobdo cargo de presidente do órgão.
De acordo com o Detran-RJ, para emitir quaisquer documento, o órgão precisa da chancela de seu presidente. Como após a exoneração de Jacob, feita pelo governador Luiz Fernando Pezão na noite da última quinta-feira (8), não houve um novo nomeado para o cargo, as emissões precisaram ser suspensas.
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Representantes do Detran-RJ estiveram reunidos no Palácio Guanabara, nas Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, e nomearam Fernanda Curdi, diretora de administração, como responsável interina pelo órgão.
Em nota, o Detran-RJ informou que os atendimentos estão sendo realizados normalmente e retomarão a emissão das carteiras de habilitação e identidade ainda nesta sexta, mas a de documentos relacionados a carros só será normalizada na próxima segunda-feira (12).
Furna da Onça
A operação Furna da Onça foi um desdobramento da operação Cadeia Velha, que prendeu há cerca de um ano o então presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) Jorge Picciani e os deputados Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do MDB.
Nesta quinta-feira, além de Jacob, Vinícius Farah, ex-presidente do Detran-RJ, também foi preso. Farah foi eleito deputado federal pelo MDB e assumiria seu cargo em janeiro.
Dez deputados estaduais foram apontados como parte do grupo integrante do ‘mensalhinho’ no Rio, que atuava em um esquema de propina em prol de viabilizar "seus interesses ilícitos, para a perpetuação dos seus interesses políticos”, de acordo com Carlos Aguiar, procurador da República.
Aguiar classificou a Alerj como “propinolândia”, onde a “relação entre esses deputados foi pautada pela promiscuidade”.
"A corrupção pequena — cobranças por serviços ilícitos, como aprovações de veículos irregulares em vistorias e aprovações de pessoas na prova para a CNH — dentro de Detran-RJ também favorecia esses parlamentares, com cobranças de taxas nos postos sob seu domínio. Os deputados tinham um alcance político e eleitoral que se revertia em dinheiro", declarou Xênia Soares, delegada da Polícia Federal.
Defesas
O Detran-RJ diz que está "à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento". O R7 não conseguiu contato com a defesa de Leonardo Silva Jacob.
Em nota, a defesa de Vinícius Farah disse que ele "confia na Justiça e afirma que a situação será devidamente elucidada. Ele já se apresentou às autoridades em Brasília para os devidos esclarecimentos. Ele estava na cidade para agenda de trabalho".
Em nota, a defesa do deputado Edson Albertassi disse que o parlamentar nunca participou de qualquer ato criminoso durante seus mandatos e reafirma sua inocência. “O Ministério Público Federal transformou a persecução penal em uma ação sem critério lógico. como se fosse uma loteria. Ressaltamos que o deputado Edson Albertassi nunca participou de qualquer ato criminoso durante seus mandatos e reafirma sua inocência”.
Os advogados de Jorge Picciani informaram que estão tomando ciência dos fatos, enquanto a defesa de Paulo Melo disse que ainda não vai se pronunciar.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Marcos Sergio