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Rio tem previsão de chuva leve após temporal acima da média e mortes

Passagem da frente fria, sistema de baixa pressão e instabilidade vinda do Norte provocaram precipitações duas vezes maior que a média para abril

Rio de Janeiro|Do R7, com Reuters e Agência Brasil

Temporal no Rio causou ao menos dez mortes
Temporal no Rio causou ao menos dez mortes

O Rio de Janeiro tem previsão de mais chuvas nesta quarta-feira (10), depois dos temporais que que atingiram a cidade na segunda-feira e na terça-feira.

Mais que o dobro da média em algumas regiões da capital fluminense, as precipitações provocaram a morte de dez pessoas e deixaram um rastro de destruição.

De acordo com o Tempo Agora/Somar Meteorologia, a média de chuvas para abril no Rio de Janeiro é de 94,9 mm. As principais razões foram a passagem de uma frente fria, um sistema de baixa pressão atmosférica e áreas de instabilidade vindas do Norte do país.

Porém, em dois dias, choveu mais que o dobro do previsto para o mês em áreas como Alto da Boa Vista (283 mm), Barra (277 mm), Rocinha (276 mm), Jardim Botânico (272 mm), Copacabana (266 mm), Barra/Riocentro (250 mm), Vidigal (248 mm), Jacarepaguá/Cidade de Deus (236 mm) e Urca (201 mm).


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O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), disse que o volume de chuvas foi atípico e negou que sua gestão tenha feito poucos investimentos na prevenção e combate a enchentes. Ele também cobrou mais repasses de recursos do governo do presidente Jair Bolsonaro ao município.

Crivella também não descartou a possibilidade de novas tragédias acontecerem e pediu conscientização da população na prevenção dos desastres ao não jogar lixo nas ruas e não construírem em áreas de encostas.


“As chuvas que caíram são absolutamente anormais para o período do ano, nenhum de nós esperava tanta chuva nessa data”, disse o prefeito. "Nada prescinde as pessoas terem bom senso e prudência. Tem que entender a cidade que nós vivemos, o aquecimento global e terem cuidado consigo mesmo. Esse é o ponto", completou.

Mortes


Sete pessoas morreram na zona sul, que abriga áreas nobres da cidade. Três delas morreram soterradas após um deslizamento de terra no Morro da Babilônia, no Leme. Uma outra morte foi registrada na Gávea, de um motociclista que foi arrastado pela enxurrada.

Além disso, três pessoas morreram após o carro em que estavam ter sido soterrado em Botafogo. No carro, estavam avó e neta que tinham acabado de deixar um shopping center em meio ao temporal.

As outras três mortes ocorreram na zona oeste. Uma pessoa foi eletrocutada e outras duas afogadas.

O temporal também provocou um novo desabamento de um trecho da ciclovia Tim Maia, na zona sul da cidade. A obra foi inaugurada para a Olimpíada de 2016, mas desde então já foram registrados quatro acidentes no local, com duas mortes.

Crivella cogitou nessa terça-feira a possibilidade de realizar um plebiscito na cidade para definir o destino da ciclovia, que custou cerca de R$ 60 milhões. As chuvas também causaram outros danos, como deslizamentos de terra e a queda de árvores que atingiram ônibus na cidade.

Devido à tempestade, 26 comunidades tiveram sirenes ativadas para alertar moradores sobre riscos de deslizamentos de terra, e vias importantes foram fechadas por precaução. No Morro da Babilônia, onde duas irmãs morreram soterradas, as sirenes de alerta não soaram.

Também foram registrados 785 pontos sem energia na cidade, de acordo com a prefeitura.

Medidas preventivas

Crivella disse ontem que pretende editar decreto com o novo protocolo a ser seguido pelos órgãos municipais em situações de emergência provocadas por forte chuva na cidade. Logo que o município entrar em estágio de atenção, Crivella e os secretários vão se reunir para definir, de imediato, ações em pontos estratégicos com as equipes da prefeitura, que buscarão minimizar os efeitos do temporal.

De acordo com o prefeito, será decidido por exemplo onde colocar as equipes da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), as da Conservação, o pessoal de drenagem, enfim, todas que serão necessárias. “Vamos fazer até um decreto sobre isso: colocar as equipes nas ruas, já no estágio de atenção, em vez de tomar essa decisão quando as coisas se configuram com mais clareza”, afirmou.

Outra decisão anunciada pelo prefeito foi a de triplicar as equipes de conservação encarregadas da drenagem de ralos e bueiros. Esse aumento de equipes começa este ano e será concluída até o fim de 2020. Crivella lamentou as mortes ocorridas em decorrência do temporal.

“Lamentamos profundamente as mortes que ocorreram e que nos levam, mais uma vez, a fazer um apelo às pessoas: não saiam de casa se não houver realmente necessidade; não toquem em nada que esteja eletrificado; se identificarem na sua casa qualquer fissura ou rachadura, sobretudo na estrutura, nas colunas, vigas e lajes, por favor, liguem para o 1746, para que a gente possa mandar o nosso pessoal da Defesa Civil verificar se há qualquer tipo de risco de desabamento”, disse.

2º temporal

Esse é o segundo forte temporal a atingir o Rio em aproximadamente dois meses. Em fevereiro, 7 pessoas morreram na cidade durante outra chuva forte.

Crivella negou que tenha feito poucos investimentos preventivos na conservação de ruas e bueiros e na contenção de encostas. Segundo ele, quem diz isso está tentando fazer política com a tragédia provocada pela chuva.

“Isso é informação falsa de que não fizemos. Só numa obra que vou inaugurar na sexta-feira na zona norte, gastamos R$ 300 milhões", garantiu. "Sei que há políticos de oposição e oportunistas para fazer tragédia de palanque eleitoral. Repudiamos isso.”

O prefeito prometeu triplicar no curto prazo as equipes de conservação e prevenção na cidade. Ele também cobrou do governo federal mais repasse de recursos à cidade para investimentos em prevenção, conservação, saneamento e habitação.

“O Rio sofre um confisco tributário. Contribuímos com Brasília com R$ 160 bilhões e imposto de renda das pessoas e empresas, mas voltam para o Rio de Janeiro apenas R$ 5 bilhões em saúde e educação", reclamou.

“Gostaria de aprovar no governo federal o PAC das enchentes, encostas e Minha Casa Minha Vida... Essa é melhor maneira para enfrentar as catástrofes. Faço um apelo ao presidente Bolsonaro, que em sua campanha nos encheu de esperança ao dizer menos Brasília e mais Brasil”, disse.

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