RJ: Policiais civis presos por tráfico são investigados por venda de 29 fuzis apreendidos para facção rival
Os agentes teriam montado a operação e recolhido as armas em resposta à falta de pagamento de propina para liberar criminoso
Rio de Janeiro|Bruna Oliveira e Bernardo Pinho , do R7, com Anabel Reis, da Record TV Rio
Os policiais civis presos por suspeita de tráfico de drogas na manhã desta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, também são investigados por uma suposta venda de 29 fuzis apreendidos de criminosos do Complexo da Penha, na zona norte, a uma facção rival.
As informações constam em um documento do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), com mais de 400 páginas, a que a Record TV Rio teve acesso.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
De acordo com a investigação do MPRJ, a venda dos fuzis teria ocorrido em resposta à falta de um pagamento de propina. Um traficante da maior organização criminosa que atua no estado foi preso e se comprometeu a pagar R$ 500 mil ao grupo de policiais para ser liberado.
Como o criminoso não quitou o valor integralmente, os agentes, que já tinham informações sobre um arsenal na Vila Cruzeiro, apreenderam 31 fuzis, durante a Operação Torniquete, em julho deste ano.
Mas, na ocasião, apesar do grande número de armas recolhidas, a equipe do ex-chefe de investigação da DRFC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas) — preso nesta quinta-feira — apresentou apenas dois fuzis à Polícia Civil e à imprensa.
Ainda segundo as investigações, o grupo vendeu o armamento para uma facção rival como forma de vingança.
O caso chegou até a Polícia Federal por meio de um relatório da Corregedoria da Polícia Civil. Isso porque circulavam informações nos corredores da instituição sobre o suposto desvio das armas apreendidas, além da transferência do ex-chefe de investigação da DRFC para outra delegacia após a operação policial.
Policiais foram presos por escolta e liberação de 16 t de maconha
A PF prendeu quatro agentes e um advogado nesta quinta, na Operação Drake, em uma investigação sobre a escolta e a liberação de 16 toneladas de maconha para traficantes que também pertencem à principal facção criminosa do estado.
De acordo com as investigações, duas viaturas da DRFC abordaram um caminhão carregado de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro, sendo que o veículo também era monitorado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Durante o trajeto, os agentes escoltaram o caminhão até a Cidade da Polícia e chegaram a informar aos agentes da PRF que o veículo estava apreendido e o motorista, preso.
No entanto, a apuração revelou que os policiais civis, por intermédio de um advogado ligado aos traficantes, negociaram a liberação da carga e do condutor do veículo.
Após o pagamento de propina, três viaturas da delegacia escoltaram o caminhão com a droga até os acessos de Manguinhos, comunidade da zona norte, onde as 16 toneladas foram descarregadas pelos criminosos.
Informações obtidas pela Record TV revelaram que o caminhão e o motorista foram flagrados pela equipe da PRF em outro ponto do estado. Os agentes desconfiaram e encaminharam o veículo para perícia, que indicou a presença de vestígios da droga no caminhão.
A PRF trocou informações com a PF. Durante as investigações sobre a apreensão das drogas, os policiais federais também foram informados da venda de armas que envolve o mesmo grupo de policiais.
Posicionamento da Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil informou que a corregedoria da corporação apoiou a ação para o cumprimento das ordens judiciais e “está instaurando processos administrativo-disciplinares”.
Ainda segundo o comunicado, a Polícia Civil diz que “não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e atividade ilícita, reiterando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade”.