Suspeita de realizar procedimento ilegal em jovem presta depoimento
Segundo a polícia, a massoterapeuta confirmou que essa foi a segunda vez que Angela Pedrosa realizou preenchimento nos glúteos
Rio de Janeiro|Mariana Pepe, do R7*, com RecordTV
A massoterapeuta suspeita de realizar um procedimento estético irregular na comerciante Angela Pedrosa, de 25 anos, prestou depoimento no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (6). Ela chegou à delegacia acompanhada de dois advogados e entrou por uma porta lateral para não ser vista pela imprensa.
De acordo com a polícia, no depoimento, que durou mais de 2h, a suspeita confirmou que esta foi a segunda vez que a vítima passou pela aplicação para aumentar o tamanho dos glúteos, além de alegar ter utilizado hidrogel.
Porém, os investigadores suspeitam que ela tenha usado silicone industrial já que, segundo o delegado Adriano Leal, o preço cobrado pelo procedimento não é condizente com o valor da substância hidrogel.
"Nós acreditamos que o produto utilizado para o aumento de volume dos glúteos foi o silicone industrial. Nós já sabemos que há uma incompatibilidade de valores entre o custo que ela cobrava para aplicar o produto e o custo do hidrogel", afirma o delegado.
O advogado da suspeita, Leandro Cunha de Oliveira, informou que ela não vai falar publicamente sobre o produto utilizado. "Ela se reservou ao direito de ficar em silêncio, vai falar perante juízo".
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A massoterapeuta, que oferecia os serviços pelas redes sociais e se apresentava como esteticista, também declarou hoje que realiza preenchimentos na casa das clientes ou em uma sala alugada há um ano. Ela chegou a frequentar a faculdade de fisioterapia, mas não completou o curso.
No dia 17 de outubro, Angela Pedrosa teria passado por um procedimento cirúrgico em casa e, horas depois, começou a sentir muitas dores. A comerciante, então, foi levada em estado grave ao Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na zona oeste da capital, onde permanece internada com infecção generalizada.
Por ter se apresentado espontaneamente à polícia e estar colaborando com as investigações, a suspeita não foi presa e vai responder às acusações em liberdade. De acordo com o delegado, ela vai responder por lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da medicina.
Outros casos
Pelo menos outras quatro mulheres foram vítimas fatais de procedimentos estéticos no Rio de Janeiro este ano. O caso de maior repercussão foi o da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que morreu em julho após a aplicação de 300 ml de substância sintética nos glúteos, em operação realizada na cobertura de um médico na Barra da Tijuca, na zona oeste. A vítima apresentou complicações e chegou a ser levada em estado grave a um hospital no mesmo bairro, mas não resistiu após quatro paradas cardíacas.
O médico responsável pelo procedimento, Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como "Dr. Bumbum", sua namorada, a técnica em enfermagem Renata Fernandes, e a mãe dele, Maria de Fátima Barros, que também é médica, foram presos e indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa.
No mesmo mês, a modelo Mayara da Silva dos Santos, de 24 anos, passou por um procedimento estético em um hotel no Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste, horas antes de passar mal e morrer a caminho do hospital. As envolvidas no caso não foram encontradas pela polícia e continuam foragidas.
Dias depois, a professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, morreu após se submeter a uma lipoaspiração no abdômen e a uma lipoescultura nos glúteos em uma clínica em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A médica responsável pelo procedimento não tinha especialização para a cirurgia, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O caso mais recente é o da microempresária Fernanda Assis. Cerca de uma semana após passar por uma aplicação para aumentar os glúteos, Fernanda deu entrada em um hospital da zona oeste, com inchaço no corpo e dificuldade para respirar. No dia seguinte, seu quadro de saúde se agravou e ela precisou ser entubada, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e acabou não resistindo.
A responsável pelo procedimento, conhecida como "Dani Bumbum" ou "Dani Sereia", está presa. Ela é acusada de injetar silicone industrial em mais de 40 vítimas.
Assista ao vídeo:
*Estagiária do R7, sob supervisão de Ingrid Alfaya