Suspeito no caso Marielle, Marcello Siciliano enaltece suas ações sociais
Policiais civis estiveram na casa e no gabinete do vereador nesta sexta (14). Parlamentar foi apontado por testemunha como mandante do crime
Rio de Janeiro|Do R7
Empresário da área de construção civil, novato na política, pouco conhecido até dos próprios colegas da Câmara e eleito com forte votação na zona oeste, um tradicional reduto das milícias. Esse é Marcello de Moraes Siciliano, de 45 anos.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro cumpriram, na manhã desta sexta-feira (14), mandado de busca e apreensão na casa de Siciliano (PHS), na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. O vereador, que estaria envolvido em grilagem de terras, é suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.
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No site da Câmara dos Vereadores, um vídeo apresenta o parlamentar. Ele conta, sem disfarçar o orgulho, que teria sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2010 por suas ações sociais em Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste do Rio, onde mora há mais de 20 anos.
No vídeo, o vereador se apresenta como "pai de família, com cinco filhos e três netos". Diz que trilhou sua trajetória profissional sozinho, e começou a trabalhar com apenas 15 anos de idade. Aos 17, começou a comprar e vender carros.
Depois, conta, migrou para o ramo da construção civil, chegando a ser proprietário de uma empresa. "Comecei a minha vida do nada e me tornei um empresário bem-sucedido", diz no vídeo. "Faço política para ajudar as pessoas, não preciso disso para viver."
Buscas
Na casa do vereador, policiais civis apreenderam um tablet, um computador, HD e documentos. O vereador não foi encontrado em casa.
Policiais civis da DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) também estiveram no gabinete do parlamentar, que foi lacrado. A informação foi confirmada pela assessoria da Câmara Municipal.
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Caso Marielle
Investigações também apontam participação, em menor grau, do ex-PM Orlando Curicica, que está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", publicada nesta sexta-feira, o general Richard Nunes, secretário da Segurança do Rio, afirma que Marielle foi morta porque milicianos acreditaram que ela poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste da capital fluminense. Segundo ele, o crime era planejado desde 2017.
Defensora dos direitos de moradores de favelas, negros, mulheres e da população LGBT, Marielle levou quatro tiros na cabeça dentro de seu carro na noite de 14 de março. Ela e seu motorista saíam de um evento no Estácio, região central do Rio, quando foram executados. Foi noticiado que as câmeras de segurança da prefeitura do ponto exato onde ocorreu o crime haviam sido desligadas, mas não ocorreram maiores esclarecimentos sobre essa questão.