Witzel sobre pandemia: "quem desafiar será responsabilizado"
Em novo decreto, governador do Rio manteve restrições de circulação e avisou que, em caso desobediência, sanções podem ser aplicadas
Rio de Janeiro|Da Agência Brasil
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, fez um apelo nesta segunda-feira (30) à população para que cumpra as medidas de isolamento definidas pelo Estado para combater a pandemia do novo coronavírus e afirmou que irá tomar medidas mais duras caso as atuais sejam descumpridas.
“Não desafiem o vírus, não desafiem a pandemia. Mas, se assim fizerem, determinarei que sanções sejam aplicadas. [Sanções] criminais, pela ação das polícias Militar e Civil. E outras sanções poderão vir posteriormente, inclusive de responsabilidade civil. Então, quem quiser desafiar, será responsabilizado”, afirmou o governador.
Witzel publicou nesta segunda-feira, no Diário Oficial do Estado, um novo decreto com a prorrogação das medidas para reduzir a movimentação e aglomeração de pessoas no estado. As aulas continuam suspensas, o transporte permanece restrito e eventos com presença de público mantêm-se proibidos. Restaurantes podem funcionar apenas com 30% da capacidade, fazer entregas e atender a pedidos para ser levados na hora.
“Peço ao povo do Estado do Rio que confie e acredite que estamos vivendo momentos muito difíceis e que estamos trabalhando para que pessoas tenham a chance de sobreviver, para que possam estar no respirador e para que possamos olhar nos olhos das famílias e dizer que fizemos de tudo que foi possível”, acrescentou.
De acordo com o secretário de Saúde, Edmar Santos, as medidas de isolamento estão contribuindo para o achatamento da curva no Rio, ou seja, impedindo que muitas pessoas sejam infectadas ao mesmo tempo e que o sistema de saúde não consiga atender todos os pacientes. “É precoce falar em detalhes. A tendência é que caminhe em trajetória mais horizontal e pode ser que, dentro de duas semanas, ela venha a encontrar a curva da Coreia do Sul [país considerado referência no enfrentamento ao covid-19].”
Leia também
Segundo Witzel, o governo irá fazer uma nova avaliação no dia 4 de abril para, no dia 6, definir se é possível alguma flexibilização nas medidas. Isso dependerá do ritmo de contágio. “Tomamos uma decisão baseada em análises técnicas do setor de saúde, que está trabalhando diuturnamente.”
Witzel disse que, neste momento, caso o governo federal determine a retomada de todas as atividades, o Estado manterá medidas de isolamento, o que foi autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ele disse que as medidas do Estado seguem estudos e orientações de organizações internacionais e do Ministério da Saúde.
Testagem no estado
De acordo com o governador, o estado receberá nesta quarta-feira (1º) 400 mil testes rápidos, em uma primeira remessa de 1,5 milhão adquiridos pelo Rio de Janeiro. A testagem irá ajudar o estado a controlar a pandemia.
Santos disse que o governo pretende usar um aplicativo para mapear os casos e traçar estratégias para poder inclusive liberar a retomada normal de atividades pessoas que tenham condições de fazê-lo e já estejam imunizadas por já terem tido e terem sido curadas da covid-19. “Já que teremos testes disponíveis, queremos fazer [o uso] de uma forma inteligente. Não só testar, mas ter um banco de dados.”
O governo reforçou ainda que irá ampliar o número de leitos no Estado em oito hospitais de campanha e que comprou itens de segurança como máscaras, luvas e óculos. Além de disponibilizar ambulâncias para o atendimento de pacientes com covid-19, entre outras medidas. O governo também vai distribuir cestas básicas a populações vulneráveis.
Está disponível para a população a Central 160, que funciona 24 horas por dia, para tirar dúvidas sobre o novo coronavírus. “Ainda há poucas. Utilizem mais. É muito importante para orientar as pessoas nesse momento”, recomendou Witzel.
De acordo com o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, o estado registrava, até este domingo (29), 600 casos confirmados e 17 óbitos por coronavírus. Há 47 mortes em investigação. A maioria dos casos confirmados está na cidade do Rio de Janeiro, 516.
Em todo o país, de acordo com o Ministério da Saúde, 136 pessoas morreram em decorrência da infecção e 4.256 estão com covid-19.