Alta de casos de gripe pressiona sistema de saúde no litoral de SP
Prefeituras relatam afastamento de profissionais devido a sintomas gripais e sobrecarga dos que seguem nas unidades
São Paulo|Do R7
Com o aumento na busca de atendimento por pacientes com síndrome gripal, o sistema de saúde das cidades do litoral norte paulista enfrenta pressão. Prefeituras relatam afastamento de profissionais por apresentarem sintomas gripais e sobrecarga daqueles que seguem nas unidades, que chegam a trabalhar cinco vezes mais que em dias normais.
Em Caraguatatuba, cerca de 90% dos leitos de UTI para todas as patologias estão ocupados, a maioria deles por pacientes com SRAG (síndrome respiratória aguda grave).
O Governo do Estado de São Paulo disse monitorar o cenário. "Dados das últimas semanas mostram um menor incremento nas UTIs em relação a enfermarias, fortalecendo o impacto positivo da vacinação contra a Covid-19 e a consequente prevalência reduzida de casos graves no estado. A região do litoral norte acompanha a tendência estadual", informou em nota.
Leia também
Em São Sebastião, a alta de atendimentos a pessoas com sintomas respiratórios nas unidades de saúde passou a ser observada no início de dezembro, com o surto de gripe. Segundo o prefeito Felipe Augusto (PSDB), a partir dos dias 22 e 23 de dezembro, com a chegada dos veranistas, ainda mais pacientes passaram a frequentar as unidades de saúde locais, embora nenhum desses tenha ido para a UTI. "Tínhamos um atendimento médio da ordem de 300 pessoas, somando as duas unidades de saúde de pronto atendimento, tanto a da região central quanto a da região sul. Esse número saltou para cerca de 1.200 atendimentos diários."
Nas unidades de saúde, a espera nas filas chegou a quatro horas. Hoje, diz o prefeito, está em torno de duas horas. Ele conta ainda que as farmácias estão sem estoque de testes rápidos de Covid e orienta que, em caso de sintomas gripais, o paciente busque os prontos-socorros.
Caraguatatuba tem recorde de consultas
Caraguatatuba bateu na terça-feira (4) o recorde no número de atendimentos nas UPAs (unidades de pronto atendimento), que chegou a 2.279. A maior marca havia sido de 1.500, em 2021. Mais da metade dos pacientes tinha síndrome gripal.
Nos quatro primeiros dias de 2022, as UPAs já fizeram 8.265 atendimentos, segundo a pasta da Saúde. Isso leva a uma média de 2.066 ao dia — número quase três vezes maior do que o registrado em dezembro. Antes da temporada de verão, o número de consultas não passava de 700.
Para o secretário de Saúde da cidade, Gustavo Boher, essa alta se deve à atividade turística. "Temos uma população aproximada de 125 mil habitantes. Na alta temporada, que começa por volta de 20 de dezembro, essa população sobe para 450 mil, 500 mil", diz.
Em Ubatuba, a prefeitura diz ter identificado alta expressiva no número de atendimentos por síndrome gripal desde 27 de dezembro. "Parece ter ligação com influenza, mas é preciso aguardar alguns resultados de exames ficarem prontos para saber se são casos de influenza ou Covid", informa em nota.
Outra cidade que relata aumento crescente no número de pacientes com sintomas gripais é Ilhabela. Em novembro, a média diária de consultas era de 99 pessoas e a de positivação para Covid, de 1,6. Em dezembro, esses números passaram para cerca de 190 e seis, respectivamente. "Nos cinco primeiros dias de janeiro, tivemos uma média de 629 atendimentos diários, com média de 142 positivos por dia", informa a pasta da Saúde.