Ambulantes de terminal denunciam espancamento em batalhão da PM
Vendedores da zona sul dizem ter sido agredidos na cara, peito e costas
São Paulo|Do R7*
Os vendedores ambulantes Flávio Danilo, 18 anos, e Mateus Henrique, 19, afirmam ter passado por uma sessão de espancamento dentro do 50º BPM/M (Batalhão da Polícia Militar Metropolitano), no Grajaú, periferia da zona sul, por policiais militares da Força Tática, na noite do último domingo (27).
Os jovens afirmam que as agressões aconteceram após brincarem com um grupo de amigas enquanto trabalhavam em barracas dentro do Terminal Varginha. "Umas meninas passaram e mexeram com a gente, então começamos a gritar brincando com elas também, e eles [policiais militares] estavam dentro da base, ouviram e não gostaram", afirma Danilo. A sede do batalhão fica nos fundos do terminal.
A reportagem presenciou o momento que os jovens foram levados por três policiais militares para dentro do batalhão da Força Tática e Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas).
Os jovens ficaram cerca de 20 minutos no batalhão e, quando saíram, estavam com as orelhas vermelhas. Os dois relatam que foram agredidos por pelo menos sete PMs “na cara, na orelha, no peito, nas costas”.
De acordo com os ambulantes, eles ficaram no meio de uma roda de PMs que faziam perguntas enquanto batiam. "Perguntavam se a gente era do tráfico, se era envolvido com alguma coisa, se já fomos presos, e a gente respondia que não".
Após as agressões, os jovens ainda contam que foram fotografados pelos PMs.
Depois do espancamento, os dois jovens voltaram a trabalhar normalmente. Eles vendem doces e bebidas em barracas montadas com papelão dentro do terminal.
Secretaria não se manifesta
Questionada no domingo pela reportagem, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) não se manifestou até o momento da publicação desta reportagem.
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo informa que "a Polícia Militar informa que o 50º BPM/M, responsável pelo policiamento na região, instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias da ocorrência e tomar as providências cabíveis. A Corregedoria da PM acompanha a investigação."
*Kaique Dalapola, estagiário do R7