Amigo do influenciador Renato Cariani é alvo de operação da PF contra desvio de drogas
Fábio Spínola Mota foi alvo de outra operação, em maio deste ano, com objetivo de reprimir e desarticular uma organização criminosa
São Paulo|Laura Lourenço e Isabelle Gandolphi, da Agência Record
Um integrante de uma organização criminosa, amigo próximo do influenciador Renato Cariani, foi um dos alvos da Operação Hinsberg, realizada pela Polícia Federal na última terça-feira (12). Fábio Spínola Mota, no entanto, já havia sido alvo de outra operação da corporação, em maio deste ano.
Cariani, de 47 anos, é suspeito de participação em um esquema de desvio de componentes químicos usados na fabricação de drogas. Nessa operação, cerca de 12 toneladas de insumos como fenacetina, manitol e lidocaína teriam sido desviadas para células de organizações criminosas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
De acordo com os autos do processo, Fábio seria o responsável por criar um falso email de um suposto representante da farmacêutica AstraZeneca, usado para justificar uma negociação entre a empresa e a Anidrol, da qual Cariani é sócio.
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Fábio foi preso Operação Downfall, que aconteceu em maio deste ano. A ação teve como objetivo reprimir e desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional e interestadual de drogas.
Ele também atuava como corretor imobiliário informal da quadrilha e foi detido no dia 10, tendo sido solto posteriormente.
Primeiras denúncias
A investigação começou quando três empresas que administram produtos químicos, a AstraZeneca, a LBS Laborasa e a Cloroquímica, procuraram a Polícia Federal.
A primeira foi a AstraZeneca, em 1º de julho de 2019. Na denúncia, consta que a empresa Anidrol emitiu notas fiscais no ano de 2017 referentes a movimentações de produtos químicos, que a AstraZeneca não reconhecia como suas.
A Cloroquímica também denunciou a mesma empresa, pela emissão quatro notas fiscais entre abril e junho do mesmo ano. A LBS Laborasa procurou a Polícia Federal em agosto de 2020, pois em maio foi emitida uma nota fiscal de venda de éter etílico e acetona, no valor de R$ 38.856, pela empresa Quimiest.
Essa empresa tem como ex-sócia Tatiane Martines Cariani, que é casada com Renato. Posteriormente, foi apurado que a Quimiest atua como "braço" da Anidrol, pois é administrada pelas mesmas pessoas e não tem sede física.
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Além de Renato, Roseli Dorth é sócia da Anidrol. Ela é mãe de Ana Paula Dalvino Leite, atual dona da Quimiest. O ex-sócio da Quimiest é Edener Antônio Dalvino Leite Júnior, filho de Roseli.
A terceira empresa ligada aos envolvidos é a Alabanza's Car, que pertence a Fábio Spínola Mota. As três empresas ficam em Diadema, na região metropolitana da capital.
Modus operandi
O modus operandi do grupo consistia em terceiros depositarem dinheiro em espécie para a Anidrol e a Quimiest. Posteriormente, eram emitidas notas fiscais falsas em nome da LBS, da AstraZeneca e da Cloroquímica, justificando a saída dos produtos químicos destinados ao narcotráfico e à produção de cocaína e crack.
Até o momento, todas as operações apontadas geraram lucro de, ao menos, R$ 2.407.216, que corresponde ao valor movimentado em notas fiscais emitidas ou em depósitos feitos em espécie.
Porém, a estimativa é que já tenham sido acrescidos, de forma ilícita, mais de R$ 3 milhões ao patrimônio dos suspeitos.
Durante o período de investigação, estima-se que tenham sido desviados mais de 500 litros de ácido clorídrico, que resultaram em 1.667 quilos de cloridrato de cocaína pura, e 4.875 quilos de fenacetina, usados na fabricação de cerca de 12,2 toneladas de crack. Também houve desvio de outros solventes, como acetato de etila, éter etílico e acetona, e de substâncias em pó, como o manitol.
A Polícia Federal apura fraudes cometidas de 2014 a 2020, que totalizam 60 vendas fraudulentas.
Operação Hinsberg
Na última terça-feira (12), a PF deflagrou a Operação Hinsberg, que leva o nome de um químico alemão do século 19. Entre as drogas encontradas estão grandes quantidades de fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. O esquema todo teria movimentado pelo menos R$ 6 milhões.
“Há cerca de um ano, apuramos 60 desvios de produtos químicos utilizados em empresas farmacêuticas para a emissão de notas fiscais e faturamento, só que essas empresas obviamente não tinham adquirido o produto”, afirmou o delegado Fabrízio Galli, chefe da delegacia de opressão às drogas.
As investigações revelam que o esquema abrangia ainda a emissão de notas fiscais falsas para vender produtos químicos em São Paulo, com o uso de contas de "laranjas" — pessoas que emprestam seu nome a alguém com o fim de ocultar bens de origem ilícita ou incerta — e depósitos em espécie.
Os envolvidos também utilizavam diversos meios para ocultar a procedência ilícita dos valores recebidos, como empresas de fachada.
Os suspeitos vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para fins de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. As penas combinadas podem ultrapassar os 35 anos de reclusão — mas a Justiça brasileira limita a pena a 30 anos.
O R7 tentou localizar a defesa de Fábio Spínola Mota, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno. O espaço continua aberto para manifestações.
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