Anvisa pede à Prefeitura de SP que reavalie novo prazo para 3ª dose
Agência diz que faltam estudos e ainda não é possível saber se os benefícios da antecipação superam os riscos de reações adversas
São Paulo|Gabriel Croquer, do R7
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) respondeu nesta sexta-feira (3) ao ofício da Prefeitura de São Paulo sobre o novo prazo para receber a aplicação de reforço das vacinas contra a Covid-19, de quatro meses a partir da segunda dose, pedindo que a gestão reavalie a estratégia.
Em nota, a agência afirmou que existem poucos dados sobre a dose de reforço, mas que os estudos compilados até agora indicam o prazo de seis meses desde a finalização do esquema vacinal para a aplicação de outra vacina.
O órgão também disse que novos prazos devem ser embasados em dados epidemiológicos, estudos robustos e monitoramento adequado de possíveis reações adversas à vacina.
"No momento, não sabemos se os benefícios superam os riscos para o uso de reforço no intervalo de quatro meses para todos os adultos com 18 anos ou mais, independentemente da vacina ofertada e do esquema vacinal primário", afirmou a Anvisa, em nota.
"Alertamos para o fato de que a redução generalizada do intervalo para a aplicação da dose de reforço das diferentes vacinas contra a Covid-19 pode favorecer o aumento e o aparecimento de reações adversas desconhecidas."
A agência também enfatizou que a implementação das campanhas é de responsabilidade do Ministério da Saúde, por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
O R7 entrou em contato com a prefeitura, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.
O novo prazo para a terceira dose foi anunciado pelo governo estadual de São Paulo nesta semana. Para tanto, levou-se em consideração a confirmação de três casos da variante Ômicron no estado, pouco depois da descoberta da nova variante de preocupação.
Além de levar em conta o cenário epidemiológico ao redor do mundo, a medida considerou que São Paulo é porta de entrada, via portos e aeroportos, de pessoas de todo o mundo, e que o Brasil ainda não adotou a obrigatoriedade da apresentação de comprovante de esquema vacinal completo dos viajantes.