Após 2 anos, PMs são denunciados por morte de carroceiro em SP
Ricardo Nascimento foi morto pela Polícia Militar em julho de 2017, em Pinheiros, com dois tiros no peito. PM diz que envolvidos seguem afastados
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou, nesta terça-feira (23), os soldados da Polícia Militar José Marques Madalhano e Augusto Cesar da Silva Liberali pela morte do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, na região de Pinheiros (zona oeste), em julho de 2017.
Na ocasião, o carroceiro teria usado um pedaço de pau para se defender da abordagem policial, e o soldado Madalhano atirou duas vezes no peito de Ricardo. Segundo o MP-SP, o PM Liberali estava na ocasião e não interviu a ação considerada desproporcional.
O Ministério Público denunciou os dois policiais militares por homicídio por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com o promotor de Justiça Hidejalma Muccio, os PMs poderiam ter usado outros meios para deter Ricardo.
“Não lançou mão de sua ‘tonfa’, nem do gás de pimenta que levava consigo, nem agiu para impedir ou mesmo ponderar acerca da desnecessidade de emprego de meio mais violento”, disse o promotor na denúncia, sobre o soldado que atirou.
A morte de Ricardo ainda teve uma violação dos PMs à Resolução 5 da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) de 2013, que impede que os policiais manipulem o local dos fatos de intervenção policial ou socorra a vítima.
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Segundo o MP-SP, para justificar a violação da resolução, o tenente Antônio Evaristo Rosa Neto, que atendeu a ocorrência, disse que ordenou a remoção do carroceiro porque ele ainda estaria apresentando sinais vitais. No entanto, a versão foi desmentida nas investigações.
O Ministério Público pediu para Justiça Militar e a Corregedoria da Justiça Militar apurar a conduta do tenente, que, segundo o promotor, "inviabilizou a adequada perícia no local".
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar disse que os policiais envolvidos na morte do carroceiro estão afastados das atividades operacionais. Sobre a denúncia, a PM disse que "não comenta sobre decisão de outros órgãos".