Após seis anos, rap volta à Virada Cultural com shows de Emicida, Criolo e Racionais MC’s
Para secretário, houve “imprudência” no confronto entre fãs do grupo e PM em 2007
São Paulo|Do R7*
A Virada Cultural de 2013 marca o rompimento de preconceitos que cercavam há alguns anos o evento, que vinha deixando de fora de sua programação atrações ligadas ao rap e ao hip-hop, além do funk. O incidente que marcou o afastamento desses movimentos ocorreu após a Virada de 2007, quando fãs da banda Racionais MC’s entraram em confronto com a Polícia Militar, que reagiu de maneira truculenta contra as manifestações.
Em coletiva de imprensa realizada no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo no último sábado (11), o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, afirmou ter tido uma atitude ousada ao tentar reaproximar o rap dos eventos da cidade.
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— O que houve foi, digamos assim, uma interdição do hip-hop por conta de um incidente no passado e, de lá pra cá, foi proibido. A primeira dificuldade que nós tivemos foi colocar o hip-hop no aniversário da cidade. Nós tivemos que conversar, firmar um conceito nosso de diversidade cultural.
O secretário afirmou que houve “imprudência” no episódio de 2007.
— Aquele foi um conflito datado, não foi unilateral e houve uma certa imprudência. É preciso aprimorar a presença dos órgãos de segurança nesses grandes eventos.
A associação feita entre o hip-hop e o funk à marginalidade foi dos empecilhos encontrados por Juca Ferreira em seu pouco tempo de gestão, que já mostra alguns efeitos ao trazer para a Virada Cultural, além desses ritmos, a presença de saraus e coletivos culturais, que até então tinham espaço apenas na periferia.
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— Há uma ideia que associa o hip-hop à violência e o funk à marginalidade, que são ideias equivocadas. O funk é uma manifestação da juventude da periferia. Quando há atrações de outros tipos, eles respeitam, mas eles querem funk. É preciso compreender isso, essa complexidade cultural da cidade [...] Criminalizar as manifestações culturais é um equívoco e não vai dar certo.
A discussão chega em momento oportuno, uma vez que foi aprovada na Câmara a proibição de bailes funk nas áreas públicas da cidade. A proposta ainda passará por uma segunda votação e, então, seguirá para sanção do prefeito Fernando Haddad para que entre em vigor.
Culpa do poder público
Juca Ferreira ressaltou ainda ainda a desvalorização do setor de cultura, que acaba ficando sem visibilidade.
— A cultura em geral é vista assim, de maneira secundarizada, os políticos não sentem obrigação de gastar dinheiro com isso, gastar energia, produzir. E não é só uma questão política, é um conceito. Uma das coisas que me impressionam em São Paulo é como os espaços públicos são criminalizados pelo poder público. Parece que você está cometendo algum erro por ocupar esse espaço.
Agenda
O show do Emicida está marcado para começar às 22h30 deste sábado (18) no palco 25 de Março. No domingo (19), às 12h, acontece a apresentação do Criolo, no praça Júlio Prestes.
Mais tarde, às 15h, é a vez do Racionais MC’s subir ao palco também na praça Julio Prestes. Confira aqui a programação oficial do evento.
* Ana Carolina Neira, estagiária do R7