App promete relação transparente e taxa mais justa para entregadores
Concorrente de aplicativos como IFood e Rappi, AppJusto adota estratégia de permitir que entregadores definam condições
São Paulo|Julia Girão, Do R7*
O mercado de entregas por aplicativo explodiu nos últimos anos, assim como a tensão envolvendo empresas e entregadores, que constantemente protestam contra a baixa remuneração. É nesse cenário que entrou no mercado o AppJusto, plataforma criada durante a pandemia de Covid-19 e que aposta, como o nome diz, em uma relação mais justa com os entregadores.
O aplicativo voltado especialmente para a entrega de alimentos conta com mais de 2.000 entregadores e mais de 200 restaurantes cadastrados e entrou num mercado que tem iFood e Rappi como dois dos principais concorrentes.
De acordo com Pedro Saulo, um dos criadores do AppJusto, a inovação dentro da plataforma é a possibilidade de os entregadores terem autonomia em seu trabalho. “Inicialmente o entregador entra em um esquema de preço-padrão, mas depois ele pode definir o próprio esquema de preços”, explica.
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O sistema de frotas é criado pelos próprios entregadores, que definem preços e condições do trabalho. A remuneração inicial sugerida pelo aplicativo é de R$ 10 até 5 km, mais R$ 2 por km adicional. “O entregador tem autonomia para definir o valor do próprio trabalho”, diz Pedro Saulo, de 39 anos.
“Eu acho que o mais atrativo é a questão de você poder ser dono, porque você está trabalhando na sua empresa. E os ganhos são maiores do que qualquer plataforma, então isso aí é o principal atrativo”, afirma Heberton Miguel, que trabalha há sete anos como entregador de aplicativo e usa o AppJusto desde 2021.
Restaurantes
Para os restaurantes, o AppJusto traz uma outra maneira de oferecer seu serviço. Além de não cobrar mensalidade alguma, o aplicativo fixou a taxa para restaurantes em 5% no modelo de operação logística mais 2,21% da operadora financeira, contra os modelos de mensalidade dos concorrentes que cobram de 12% a 26% de taxa.
O empreendedor Erik Fernandes Paredo, de 40 anos, diz que a motivação para colocar seu restaurante no AppJusto foi uma só: taxa mais justa. Há mais de 20 anos, o empreendedor possui o Empanadas La Cholita que, durante a pandemia, passou a entregar em diversas regiões de São Paulo.
"Apesar de terem menos entregadores cadastrados, sempre estão solucionando qualquer imprevisto. Com eles nunca tive extravio de mercadorias, diferente de similares”, afirma Erik Fernandes, sobre o serviço do AppJusto.
Pedro Saulo acredita que a taxa mais baixa gera benefício para os clientes. “É uma plataforma mais saudável para o restaurante. Além de lucrar um pouco mais, [o restaurante] pode repassar maiores descontos para o cliente”, diz o cofundador.
Penalizações e bloqueios automáticos
Uma das grandes demandas dos entregadores é o alto número de penalizações que ocorrem em outras plataformas. Elisson Roseno, mais conhecido como Cabeça Motoboy, de 35 anos, conta que uma das penalizações mais comuns é por tempo: “O aplicativo te dá muito pouco tempo para chegar nos estabelecimentos. Às vezes te dá dois ou três minutos para poder pegar essa entrega. Se a gente não chegar no tempo que eles oferecem, sofremos penalização”.
Cabeça também explica o que ocorre se a penalização acontece por volta das 18 horas: o entregador fica com menos rotas e não “tocam” corridas. Logo, o lucro é menor, visto que esse é um dos horários de pico nos aplicativos.
Em relação aos bloqueios, o cofundador do aplicativo afirma que a plataforma não tem bloqueios automáticos. “O bloqueio sempre é feito após uma validação humana. Já tivemos alguns casos de bloquearmos entregadores que não respeitaram os termos de uso,
mas entramos em contato todas as vezes”, afirma Pedro Saulo.
Para manter a transparência do aplicativo, o código é aberto e livre para qualquer um usar e criar um concorrente. De acordo com a própria empresa, essa é a maior prova de que são compromissados com um delivery mais justo.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Márcio Pinho