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Ativista de campanha contra agressão de enfermeiros é acusado de violência doméstica

Boletim de ocorrência diz que Luciano Andre Rodrigues agrediu a mulher no dia 23 de junho

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Luciano é ativista de uma campanha contra violência
Luciano é ativista de uma campanha contra violência Luciano é ativista de uma campanha contra violência

Ativista de uma campanha contra a violência sofrida por profissionais de enfermagem no ambiente de trabalho, chamado Violência Não Resolve, o representante do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo) Luciano Andre Rodrigues é acusado pela ex-companheira de violência contra a mulher.

Vítima, Eliane Nunes registrou um B.O (Boletim de Ocorrência) contra Luciano 30 horas — apelido pelo qual é conhecido — no dia 23 de junho às 10h17. Ela teria sido agredida na noite anterior.

De acordo com o advogado Alisson Silva Garcia, que representa a vítima, esse seria um dos motivos para as brigas do casal. Segundo ele, Eliane Nunes perguntava como o companheiro conseguia pregar contra a violência fora de casa e a agredir no ambiente doméstico.

De acordo com dados do B.O registrado no 6º DP (Distrito Policial), de Santo André, “o autor sempre foi agressivo” no relacionamento e que, naquela noite, eles teriam discutido dentro de casa. Durante a briga, segundo o boletim de ocorrência, ele “arrastou [a vítima] pelos cabelos e a ofendeu xingando-a de ‘vagabunda’”.

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Garcia conta que sua cliente teria dito para o parceiro que não aguentava mais a vida de agressões e que estava saindo de casa. Ele pediu para que eles conversassem e, quando chegou em casa, ordenou para que ela pedisse uma pizza. Enquanto esperavam a entrega, a violência física teria começado.

Ainda de acordo com o documento, ele disse várias palavras de baixo calão para a mulher. A vítima também contou que ele não teria nenhum vício que poderia alterar o comportamento dele.

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Depois das agressões, a mulher teria saído de casa e ido para a residência da mãe. De acordo com o advogado da vítima, ela teria se aproveitado do momento em que o homem foi buscar a entrega da pizza e pediu ajuda da mãe. O documento também relata que o casal não tem filhos e estavam casados há cerca de dois anos e meio.

Luciano também é acusado por colegas de trabalho por assédio moral. Uma delas foi a servidora pública municipal Viviane Lourenço da Silva. Ela é dirigente sindical do Stap (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública de Guarulhos) e participava de uma plenária municipal sobre saúde das mulheres em Guarulhos quando, segundo ela, foi silenciada e verbalmente coagida por ele.

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— Ele começou a se alterar. Ele não queria dar o microfone pra gente [mulheres]. Em um dos momentos ele parou no meio de todo mundo e falou: “eu não falo com você”.

Vivane conta que muitas mulheres a defenderam, mas que só conseguiu falar quando os homens pediram para ele ceder espaço. A mulher diz acreditar que a ação dele foi uma representação de “um autoritarismo absurdo” e que “ele gritava no microfone”.

Um vídeo com ela se pronunciando sobre o fato viralizou nas redes sociais e um protesto com profissionais da área foi realizado no último dia 7 de junho na frente do Coren-SP.

O advogado de Eliane explica que, recentemente, o homem estaria mandando ameaças “veladas” para a ex-companheira por meio de colegas e que, na sexta-feira (7), foi pedida uma medida protetiva com base na lei Maria da Penha para que a mulher seja resguardada.

Por meio de nota, o Coren-SP disse que “reafirma o seu repúdio à violência praticada contra profissionais de enfermagem e ele se estende a todas as outras formas de violência presentes na sociedade”.

Além disso, diz que “para combater as agressões sofridas no ambiente de trabalho, implantamos mecanismos de apoio às vítimas, como a campanha Violência Não Resolve, que está em vigor há dois anos. Conquistamos grande adesão da categoria e da opinião pública por meio da iniciativa, que se tornou uma bandeira nacional do sistema Cofen-Corens e também resultou na criação de um Grupo de Trabalho na Secretaria Estadual de Segurança Pública, do qual participam a presidente do Coren-SP e seu vice, como representantes da iniciativa”.

O Coren-SP também informou que “ainda que não há denúncia formalizada registrada no Conselho referente à conduta do conselheiro no âmbito profissional/representativo. Sobre situações que cunho pessoal não relacionadas ao exercício profissional, não compete ao Coren-SP se manifestar, tendo em vista que elas devem ser conduzidas pelas instâncias cabíveis”.

A nota também diz que “ao Conselho compete a análise da conduta ética dos profissionais no âmbito do processo ético disciplinar, em garantia a ampla defesa e contraditório, conforme preconiza a Resolução Cofen 370/2010”.

Em sua página no Facebook, ele escreveu uma nota se explicando sobre o caso. Leia o posicionamento na íntegra:

“Quero, antes de tudo, manifestar minha profunda gratidão às inúmeras manifestações que venho recebendo das pessoas que me conhecem, às que me seguem nas redes sociais e que têm espírito de justiça e bom senso.

Toda história tem dois lados que devem ser ouvidos. A quem interessa desconstruir a imagem de um ativista dos direitos da enfermagem, do combate à violência contra os profissionais de saúde, da defesa da aposentadoria especial para todos os profissionais da enfermagem, sem distinção?

A quem interessa tentar calar o trabalho de uma gestão comprometida com a ética, transparência e honestidade que vem sendo construída desde 2012?

A quem incomoda as conquistas da regulamentação da jornada de 30 horas semanais em centenas de cidades no estado de São Paulo, muitas delas em andamento e outras já conquistadas através da mobilização, organização e união da enfermagem, onde tive o orgulho de estar à frente?

A Plenária de Saúde de Guarulhos foi um sucesso. A única cidade a enviar somente mulheres como delegadas (100%), e a proposta partiu deste conselheiro, acatada por todos da comissão organizadora. A plenária ocorreu no dia 22 de fevereiro de 2017. Então eu pergunto: qual a intenção da divulgação de um vídeo calunioso quatro meses após o suposto ocorrido?

O final de um casamento representa o fim de uma família e envolve muitos sentimentos. Sobre as acusações veiculadas nas redes sociais pela minha ex-esposa, Eliane Nunes, poderia rebater tudo, mas não farei, pois essa é uma questão que diz respeito a nós dois. Apenas deixo claro que tenho minha consciência tranquila e que tudo será apurado na justiça, pois tenho o direito constitucional ao contraditório. Quem acusa, difama e atinge a honra sem trânsito e julgado, este sim já comete crime e estou adotando todas as medidas cabíveis para comprovar a minha conduta, que sempre foi de respeito com o próximo.

Toda esta campanha difamatória serve a interesses eleitoreiros e partidários, daqueles grupos que insistem em fazer da enfermagem massa de manobra para seus projetos políticos e pessoais”.

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