Bairro onde grávida baleada mora é alvo constante de assaltos, relatam vizinhos
Com cerca de 12 mil moradores, mulheres são as principais vítimas
São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7
A assistente administrativa Daniela Nogueira de Oliveira, de 25 anos, que estava grávida de nove meses quando foi baleada durante um assalto no Horto do Ypê, zona sul de São Paulo, foi mais uma vítima da violência na região. Os moradores do bairro, planejado nos mesmos moldes de uma Alphaville, hoje convivem com assaltos constantes.
A amiga e vizinha de Daniela, Roseli Moreira Alves, foi abordada por bandidos em agosto de 2012. Um criminoso tentou roubar o seu celular por volta das 16h.
— Não levou porque eu bati de frente com o cara. Eu tive certeza absoluta que ele não estava armado. Sei que a minha ação não é a mais correta, mas foi ação e reação. Foi o que aconteceu de imediato.
A tentativa de assalto ocorreu entre a portaria central do bairro e o prédio Esporte e Vida, onde ela e a Daniela moram.
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O edifício é um dos 25 que ficam dentro do Horto do Ypê, um bairro planejado de condomínios fechados com apenas uma entrada principal que também é alvo de muitas críticas de Roseli.
— A guarita de entrada dele é só faixada, não tem fiscalização nenhuma. A entrada é liberada, entra qualquer pessoa e os assaltos de celulares e bilhetes únicos são constantes, mas com essa gravidade do caso da Daniela, foi a primeira vez.
Ainda de acordo com Roseli, o alvo preferido dos criminosos são as mulheres. A saída do condomínio também é considerada ponto de assalto, pois um declive no local faz com que os moradores reduzam a velocidade do carro para passar.
— Diversos carros de autoescola fazem aula aqui dentro porque a entrada é livre. Qualquer carro, moto e pedestre consegue entrar. Para a moradora, a situação no bairro pode ficar até pior com a construção do Parque Linear Horto do Ipê, que provavelmente irá provocar um aumento da movimentação na área.
Repercussão
Segundo Roseli, com a repercussão da história da Daniela na imprensa, o policiamento na área foi maior um dia após o crime.
— Nós precisamos cobrar das autoridades.
A vice-presidente da Associação do Bairro do Horto do Ypê, Susanne Spengler, confirmou que os assaltos são frequentes na localidade. Sobre os relatos dos moradores relativos à insegurança nas redondezas, ela explica:
— Assalto a mão armada, sequestro relâmpago, desova de carros roubados, a pessoa está falando no celular, o cara passa rouba o celular e a bolsa. Esse tipo de coisa que é o que acontece em outros bairros também.
Ao todo, o bairro Horto do Ypê tem cerca de 3.500 imóveis entre apartamentos e casas, o que totaliza cerca de 12 mil moradores.
No momento, não há segurança particular. Além das moradias, ainda existe um pequeno shopping com padaria, farmácia e açougue no bairro. A vigilância, segundo Susanne, é feita pelas câmeras de segurança na guarita principal e nos prédios.
— A polícia faz umas rondas aqui, a gente participa do Conseg (Condernação Estadual dos Conselhos de Segurança), pede mais segurança, mas não é suficiente para coibir tudo o que acontece.
O caso
A assistente administrativa Daniela Nogueira de Oliveira foi baleada na cabeça durante tentativa de assalto na noite de terça-feira (8). Ela foi abordada por dois criminosos no momento em que chegava de carro no condomínio onde mora que fica dentro do Horto do Ypê. A suspeita é de que um dos bandidos tenha atirado porque a gestante teria se assustado e feito um movimento brusco. Os assaltantes fugiram sem roubar nada.
Daniela é casada há quatro anos e estava com nove meses de gestação de uma gravidez planejada. O bebê e está bem.