Baldes e mais baldes: família usa recipiente em pias para armazenar água e diminui consumo em 50%
Economia e bônus do governo fizeram conta diminuir em 63%, passando de R$ 70 para R$ 26
São Paulo|Mariana Queen, do R7
No bairro Sumarezinho, zona oeste da capital paulista, uma família com hábitos sustentáveis decidiu espalhar baldes em casa para o armazenamento de água em meio à atual crise hídrica. A alternativa fez com que, desde o início da empreitada, no ano passado, o consumo de água na residência caísse de 16 para 8 m³ por mês.
Antes mesmo de se valer dos baldes, em setembro de 2014, a jornalista Adriana Carvalho, junto ao marido Didier Lavialle, artista plástico e fotógrafo, mais o filho dela, Francisco, instalou em casa uma cisterna para guardar água da chuva. O sistema foi construído pelo grupo Cisterna Já durante palestra sobre o assunto em um festival de sustentabilidade realizado na praça Homero Silva, que fica ali perto.
“A cisterna tem uma capacidade de 200 l, bombeia para um recipiente a água da chuva captada pela calha e filtra as folhas e impurezas maiores que possam vir junto. Usamos essa água para lavar roupa e regar plantas”, conta Adriana.
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— A hora que temos volume de água da chuva suficiente para usar, usamos. Mas, do contrário, usamos água limpa. Além disso, só lavamos roupa uma vez por semana.
Neste ano, quando a falta de água se tornou uma realidade em algumas regiões de São Paulo, a família decidiu investir inda mais na recolha. A mangueira acoplada ao sifão da pia da cozinha é retirada toda vez que a louça é lavada. Em baixo da pia, um balde recolhe a água da lavagem, que, depois, é usada para a limpeza do chão e também para a rega das plantas.
— Usamos água quente para otimizar a lavagem e vinagre junto ao detergente. O vinagre é menos poluente para o ambiente [...] Limpar bem os pratos antes da lavagem e usar a água quente para desengordurar melhor a louça são ações que deixam a água mais limpa e mais reutilizável.
Adriana garante que essas alternativas permitem que, em uma lavagem de louça com cerca de dez copos e alguns pratos e talheres, seja possível armazenar 25 litros de água.
Para viabilizar ainda mais o processo, a família tem juntado louça durante dois ou três dias e lavado todos os utensílios de uma vez.
— É um pouco desconfortável ter a pia suja, mas é o mesmo princípio de juntar roupa para lavar e para passar.
O uso dos baldes também é uma aposta para recolher água nas pias da cozinha e dos banheiros.
Enquanto lavam verduras, as mãos ou escovam os dentes, os membros da família deixam o recipiente na pia para guardar água. Depois, o líquido é transferido para um local maior. “A água da lavem da alface é praticamente limpa e muitas vezes é desprezada. Se você juntar de pouquinho em pouquinho, tem um monte de água depois”, pontua Adriana.
— A gente também toma banho em cima de uma bacia de água e usamos essa água para dar a descarga do vazo sanitário.
Economia e cidadania
A economia que essas ações geraram não são só contadas em metros cúbicos ou litros de água. Além da redução de metade do consumo diário, a família teve economia financeira. A conta de água, considerando as ações para poupar e o bônus dado pelo governo, diminui em 63%, passando de R$ 70 para R$ 26.
Os resultados positivos fazem com que o senso de economia da família não pare. Adriana conta que já está pensando em formas de lavar roupa sem sabão convencional para tornar a água que sobra das lavagens mais limpa.
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Ela considera que, além das ações dentro de casa, é necessário articulações com outros moradores do bairro e da cidade.
— O mais importante hoje é a gente não ficar pensando no que deveríamos ter feito para economizar, porque não é possível voltar no tempo. Precisamos tomar consciência da gravidade da crise a realizar ações a partir de agora, tanto dentro de casa, com a família, mas também junto com a comunidade.