Campanha online quer ajudar a manter Centro de Mídia M'Boi Mirim
Projeto de comunicação dentro das favelas de São Paulo busca recursos para continuar funcionando durante todo o ano de 2019
São Paulo|Ugo Sartori e Pedro Pannunzio, do R7*

Uma campanha para financiamento para manter o Centro de Mídia M'Boi Mirim, organização de comunicação dentro das favelas de São Paulo, encerra nesta sexta-feira (3). O projeto fica no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, e busca recursos para continuar funcionando durante todo ano de 2019.
Até o momento, 60% do valor foi alcançado. A campanha oferece, conforme o valor doado, contrapartidas que vão desde o envio de uma revista impressa até consultoria para empresas.
A organização atua por meio de iniciativas voltadas ao jornalismo, audiovisual, fotografia e educação. O projeto, que atende 120 participantes por mês, estimula o envolvimento dos jovens que participam dos projetos com seus próprios bairros e outras iniciativas pelas "quebradas".

"Tem muito jovem que quando começa o projeto acredita que o bairro onde vive só tem violência como mostra a mídia e não conhece o lado positivo do lugar", disse Thais Siqueira, participante do "Desenrola e Não Me Enrola", coletivo que gere o centro.
O local também estimula o empreendedorismo com workshops. "Eles [empreendedores] fazem seus trabalhos muito bem, mas muitas vezes não sabem como divulgar o que fazem", afirma Thaís.
O Centro de Mídia foi inaugurado em 2017 com um edital da prefeitura de incentivo à cultura. Ele é um espaço com estúdios para edição de fotos, vídeos e produção audiovisual, além de espaços para reuniões, auditórios para grandes atividades e os "escritórios de quebrada", um espaço de coworking que abriga cinco coletivos da zona sul da cidade.
Projetos

Entre os coletivos inseridos no Centro de Mídia, está o "Inglês na Quebrada", um curso de inglês oferecido por um rapper dos Estados Unidos que mora no Brasil.
Jordan Fields, de 30 anos, afirma que aprendeu português com a música brasileira e, por isso, acredita que também pode ensinar sua língua materna aos alunos por meio da cultura norte-americana.
Há também o 'Criart - Escola de Criação Visual da Periferia', coletivo composto por jovens para pensar a parte gráfica de comunicação.
O Historiorama é um coletivo que escreve o jornal impresso "Embarque no Direito" que está na 3ª edição. Produzido por jovens da zona sul, a publicação já teve 30 mil exemplares distribuídos, o foco do coletivo é atingir os pais e as pessoas mais velhas e acostumadas com o impresso e que não estão tão presentes nas redes sociais.
O "Café de Quebra" é um outro coletivo que está no centro. Eles gravam entrevistas com personagens que fazem a diferença na comunidade onde vivem ou que sejam referência para a periferia. Eles já gravaram com o pessoal da Gastronomia Periférica e até com a produtora musical Eliana Dias.
Campanha
Como o edital que ajudou a criar o Centro de Mídia M'Boi Mirim termina no fim deste ano, os coletivos tiveram que se organizar para encontrar recursos para manter o local. "Esse espaço não pode acabar, ele precisa continuar impactanto a juventude e esses coletivos novos que vêm surgindo e que precisam de apoio para dar continuidade ao trabalho", diz Thaís. "Nós tínhamos uma emergência e precisamos tomar uma atitude para nos manter."













