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Caso Friboi: Filho de executivo morto quer que mãe vá para cadeia, diz promotor

Carlos Eduardo irá depor contra a mãe no julgamento dela, que começa nesta terça-feira

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7, com Estadão Conteúdo

“Ele disse que não tem ódio da mãe. Só não aceita o fato de ela matar o pai dele e ficar impune”. A afirmação é do promotor José Carlos Cosenzo sobre o filho do executivo do frigorífico Friboi, que irá depor contra a mãe no julgamento dela, previsto para começar nesta terça-feira (24), em São Paulo. Giselma Carmen Campos Carneiro Magalhães é acusada de matar o ex-marido Humberto de Campos Magalhães, no final de 2008. Ela e o meio-irmão Kairon Vaufer Alves que, segundo o Ministério Público, contratou os responsáveis pela execução do crime, respondem por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima).

Carlos Eduardo Magalhães, filho de Humberto e Giselma, está entre as cinco testemunhas convocadas pela acusação. A defesa dos réus arrolou oito, de acordo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). A previsão é de que o júri, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste, a partir das 10h, dure até três dias. Os trabalhos serão conduzidos pela juíza Eliana Cassales Tosi de Mello.

O promotor tentará convencer os jurados de que Giselda matou por dinheiro e porque não queria perder status.

— Eles eram muito pobres, e ele [Humberto] virou herdeiro do Friboi. O motivo [do crime] é torpe. A vingança em decorrência do fato de ele ter a trocado por outra mulher, que Giselma tinha ódio mortal. E também porque ela não pretendia dividir os bens e queria ficar com o status que tinha. Tanto que se recusava dar a separação.


Segundo Cosenzo, a estratégia adotada pelos advogados de Giselma será a de excluí-la da autoria do crime, fazendo com que Kairon assuma a responsabilidade. O promotor adiantou que tentará desconstruir a versão.

— Não há como tecnicamente os fatos acontecerem sem que ela tivesse dado início. Primeiro, o Kairon não conhecia o Humberto. Se não conhecia, que interesse tinha em matá-lo? Eles não se conheciam nem pessoalmente.


De acordo com a acusação, a ré furtou o celular do filho e o levou para o meio-irmão. A vítima teria sido atraída até o local do crime, na Vila Leopoldina, na zona oeste, por uma ligação feita do aparelho.

— O marido [Humberto] estava vindo de Três Rios, no Rio de Janeiro. Um dia antes, ela subtraiu o telefone do Carlos Eduardo e, quando chegou pouco depois das 20h, quando a vítima jantaria com o filho, Humberto recebeu uma ligação do telefone.


O representante do MP diz que, durante a conversa telefônica, Kairon teria informado que Carlos Eduardo estava sofrendo uma convulsão. Quando o empresário chegou ao local, foi surpreendido por um motoqueiro, que atirou duas vezes.

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A polícia chegou a desconfiar do filho da vítima, mas a investigação chegou a Kairon, que teria revelado o esquema. O réu, que é ex-presidiário, afirma ter recebido uma oferta de R$ 30 mil para realizar o assassinato. Ademar Gomes, um dos advogados da ex-mulher do executivo, disse que a acusada é inocente.

Para Cosenzo, a mãe colocou o filho na condição de suspeito.

— Tem um outro fato que é muito mais trágico. No começo da investigação, o Carlos Eduardo era o maior suspeito, e a mãe o colocou em uma condição de suspeito. A Giselma subtraiu o telefone dele e entregou para Kairon. Quando estourou, o filho tinha um jantar marcado com o pai e não apareceu.

O promotor adiantou que se apoiará em provas técnicas, como quebra do sigilo telefônico, para tentar provar o envolvimento da ré no esquema.

— As provas técnicas das ERBs (Estações Rádio Base) e locais são irrefutáveis.

Giselma chegou a ficar um ano e seis meses detida na Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte de São Paulo, mas foi liberada após uma decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal.

Em 2011, dois acusados pelo assassinato foram condenados a 20 anos de prisão em regime fechado. Osmar Gonzaga Lima foi condenado por fornecer a arma utilizada para cometer o crime e Paulo dos Santos, por ter efetuado os disparos.

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