Caso Nicolas: bebê vítima de tráfico de pessoas volta a morar com a família em Santa Catarina

Ele foi levado de Florianópolis e encontrado em São Paulo, em abril; ele tem a guarda compartilhada entre mãe e avós

07/08/2023 - 10h30 (Atualizado em 29/03/2024 - 08h21)

O bebê Nicolas, de 2 anos, que foi levado de São José, em Florianópolis (SC), para São Paulo (SP) em abril deste ano, voltou a morar com a família nos últimos dias.

O anúncio foi feito pelo tio do menino, Juliano Gaspar, por meio das redes sociais, na noite deste domingo (6).

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Juliano explica que Nicolas voltou para casa nesta semana, após três meses de análises de estudos psicossociais e investigações. O tio informou que a guarda do garoto está compartilhada entre a mãe e os avós.

"Escrevo este texto em meio a lágrimas, que dessa vez são de alegria e alívio por ter o nosso anjinho de volta", escreveu o humorista. "Estamos em paz", completou.

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Entenda o caso

No dia 30 de abril, o bebê Nicolas, de 2 anos, desapareceu em São José, na região metropolitana de Florianópolis (SC). O sumiço foi comunicado pela avó da criança no dia 4 de maio, quando o boletim de ocorrência foi registrado.

O bebê foi encontrado no dia 8 de maio, na zona leste de São Paulo, no banco de trás de um veículo branco, em que estavam Roberta Porfírio, de 41 anos, e Marcelo Valverde, de 52.

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Durante a abordagem policial, o casal informou que tinham adotado a criança e estavam a caminho do Fórum para legalizar a situação. No entanto, a polícia desconfiou da suposta adoção, já que estavam com a criança havia mais de uma semana e só resolveram legalizar a situação após o caso ganhar repercussão.

O casal foi levado pela polícia, enquanto a criança ficou com o Conselho Tutelar. Investigações levaram a concluir que a mãe de Nicolas o teria entregado para a dupla. Segundo a advogada de Roberta e Marcelo, o objetivo era dar a criança à Justiça. Em audiência de custódia, a polícia decidiu converter as prisões de Marcelo e Roberta em preventivas.

A polícia teve acesso a uma carta escrita supostamente pela mãe de Nicolas. São três páginas em tom de despedida, em que ela falava sobre seu amor pelo filho, mas deixava claro que não teria condições de cuidar.

"Que você cresça bem, com bons princípios. Respeite seus pais, estude e seja um grande homem, que dará muito orgulho a todos. Daqui de cima estarei te vendo. Eu não te abandonei", disse em um trecho. Na mensagem, ela também pedia para os próprios familiares não tentarem buscar o menino de volta.

De acordo com o tio de Nicolas, Juliano Gaspar, sua irmã estava passando por um momento de depressão pós-parto e, por conta disso, estaria mais vulnerável. "Eles viram ali a oportunidade de pegar o bebê", observa Juliano, sobre a mãe ter admitido doar a criança e deixar uma carta.

Caso Nicolas: relembre desaparecimentos de crianças no Brasil

O caso do garoto Pedrinho, sequestrado na maternidade, ganhou repercussão nacional e comoveu o país. Em janeiro de 1986, vestida de enfermeira, Vilma Martins levou Pedro Rosalino Braule Pinto da maternidade em Brasília quando ele tinha apenas 13 horas de vida e o registrou como Osvaldo Martins Borges. Ele foi criado pela farsante em Goiânia até os 16 anos, quando em novembro de 2002 um exame de DNA confirmou que o menino não era filho da mulher, mas de um casal que teve o bebê desaparecido no dia do nascimento. Na foto, Pedrinho aparece entre os pais biológicos

Mais de uma década após o sumiço de Carlinhos, outro caso
chocou o Brasil. O escoteiro Marco Aurélio, que tinha 15 anos na época,
desapareceu durante uma expedição no pico dos Marins, em Piquete (SP), em 1985.
Segundo o grupo que acompanhava o adolescente, ele desceu a trilha sozinho após
um colega ter se machucado

Bruna Marques Melo

A menina brincava com os irmãos, quando uma caminhonete passou entregando panfletos de
circo na frente da casa dela. As crianças entraram para mostrar o papel à mãe,
mas Bruna nunca mais foi vista. Ela desapareceu em Frutal (MG), em outubro de
2009, e até hoje não se sabe o que aconteceu

No dia 17 de abril de 2001, Filipe Francisco Lopes Dantas nasceu em um hospital de Santos (SP). Três dias depois, Silvânia Clarindo Souza se disfarçou de enfermeira, entrou no hospital e pegou Filipe dos braços da mãe. O menino registrado pela sequestradora como Alisson de Souza só foi encontrado dois anos e nove meses depois em uma favela do Guarujá, também no litoral paulista, e devolvido para os pais biológicos

Enquanto a mãe dormia no quarto junto aos dois filhos gêmeos de 16 dias na maternidade de um hospital de Maringá, no Paraná, uma mulher de 20 anos sequestrou uma das crianças e a levou para casa. A sequestradora era paciente do hospital e deu entrada no local com gravidez psicológica. Depois de uma hora, a polícia encontrou a criança na casa da suspeita, que foi presa em seguida. A recém-nascida voltou ao hospital e ficou internada na pediatria com a mãe

Uma mulher de 43 anos fingiu ser uma enfermeira para sequestrar uma recém-nascida em uma maternidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 2014. Ela teve acesso ao quarto de Viviane Beatriz Casagrande e disse que levaria a bebê Bárbara para fazer exames que durariam 20 minutos. A mulher conseguiu sair do hospital com a menina e a sequestrou por cerca de nove horas. Ela foi detida pela polícia, confessou que pegou a bebê para cuidar e que não pretendia fazer mal algum a ela

O caso do bebê Nicolas, de 2 anos, que desapareceu em Santa Catarina no dia 30 de abril e foi encontrado oito dias depois com um casal em São Paulo, é mais um dos muitos episódios que envolvem desaparecimentos e sequestros de crianças que chocaram o Brasil. O caso de Nicolas é investigado como possível tráfico humano, e a polícia procura saber se a mãe biológica recebeu dinheiro para entregar a criança a um homem e uma mulher — outros parentes denunciaram o desaparecimento do garoto. Relembre casos de meninos e meninas que sumiram no país