Campinas, S.J. do Rio Preto, Sorocaba e S.J. dos Campos estão entre as cidades com mais ocorrências
Pixabay/ReproduçãoDas dez cidades que lideram o número de boletins de ocorrências registrados por abuso sexual infantil nos últimos três anos, seis são da Grande São Paulo, de acordo com um levantamento feito pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) e obtido com exclusividade pelo R7 via Lei de Acesso à Informação.
Entre 2020 e 2022, houve 44.026 registros de violência sexual contra vítimas entre zero e 17 anos em todo o estado de São Paulo. A capital paulista lidera o número de casos com 8.063, considerando que também tem uma população maior. Na sequência, vem Guarulhos (1.232 registros). Também aparecem na lista das dez com mais casos: São Bernardo do Campo (547), Santo André (513), Osasco (489) e Itaquaquecetuba (468).
Os demais municípios que integram a lista dos dez com mais ocorrências são Campinas (1.037), Sorocaba (702), São José do Rio Preto (550) e São José dos Campos (530).
Para o cientista social e coordenador do Grupo de Trabalho de Enfrentamento às Violências da Agenda 227, Lucas Lopes, uma possível solução a curto prazo para diminuir essas estatísticas é os prefeitos acionarem um comitê intersetorial e reunir todas as secretarias, como as das áreas de saúde, educação, assistência social, segurança pública e justiça, para elaborar um diagnóstico local.
A partir da identificação da idade, condição física e sensorial, cor da pele, região onde mora, se a criança pertence a grupos originários ou não, como e onde ocorreu o crime e o grau de parentesco do abusador com a vítima, é possível elaborar políticas de prevenção melhores e customizadas para combater esse tipo de violência, defende o especialista.
"Tudo o que a gente faz, mas de força 'deficitária' são leis contra o abuso, mas isso vem depois que a violência já aconteceu. É preciso meios preventivos para diminuir essas estatísticas, que sabemos que ocorre em altíssima magnitude", afirma.
Ainda segundo o levantamento da SSP, das 44.026 ocorrências por abuso infantil, 13.472 foram em 2020; em 2021 esse número caiu 1,7%, indo para 13.236, e em 2022 houve um salto de 17.318, o que significa um aumento de mais 30%.
A delegada e coordenadora das DDMs (Delegacias de Defesa Mulher) Jamila Jorge Ferrari, explica que boa parte das denúncias vem das escolas ou do Conselho Tutelar e, com o isolamento devido à pandemia de Covid-19, isso não ocorreu. Com a volta das aulas presenciais e outras atividades públicas, professores, vizinhos, amigos e familiares em geral passaram a notar o comportamento estranho dessas vítimas e, em alguns casos, até marcas no corpo.
"As escolas são uma das maiores fontes de informação de abusos. Com elas e praticamente todas as atividades públicas fechadas, não tinha ninguém enxergando os primeiros indícios de que a criança estava sofrendo violência sexual", afirma.
O cientista social Lucas Lopes ressalta a importância de denunciar casos de abuso infantil, ainda que não se tenha certeza dos fatos. "Hoje, há diversos meios de fazer denúncias anônimas caso a pessoa não queira se envolver diretamente", diz.
Um caso que repercurtiu recentemente foi o de uma jovem de 17 anos que era abusada desde os 9 anos pelo padrasto. Os colegas que faziam estágio com a vítima notaram o comportamento estranho, além das marcas que ela tinha no corpo.
Após a descoberta, os amigos pediram que ela mandasse mensagem sempre que o padrasto a obrigasse a manter relações sexuais com ele. Na segunda-feira (30), ele havia levado a jovem ao motel, como de costume, e ela contou aos colegas. Eles acionaram a polícia, e o homem foi preso em flagrante.
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