Cidades do interior rejeitam Plano São Paulo e adotam regras próprias
Em ao menos três cidades que entraram na fase vermelha, decretos foram assinados para contrariar as regras de combate à covid-19
São Paulo|Do R7
Prefeituras do interior paulista rebaixadas para a fase vermelha do Plano São Paulo de combate à covid-19 estão se recusando a adotar medidas mais restritivas. Em ao menos três cidades - Bauru, Piedade e Araçariguama - entraram em vigor nesta segunda-feira (25), decretos contrariando as regras.
Outras 15 cidades da região de Sorocaba entraram na fase vermelha, mas negociam com o governo a volta para a laranja. A gestão Doria informou que está notificando as prefeituras rebeldes e deve encaminhar os casos ao Ministério Público estadual.
Estão na fase vermelha as regiões de Barretos, Bauru, Franca, Marília, Presidente Prudente, Sorocaba e Taubaté. Atividades não essenciais, como lojas, shoppings, bares, restaurantes, academias, salões de beleza e escritórios devem permanecer fechados.
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Em Bauru, a prefeita Suéllen Rosim (Patriota) baixou decreto permitindo que esses estabelecimentos funcionem por dez horas diárias, de segunda-feira a sábado, no máximo até as 20 horas. "A prefeitura quer preservar a vida de todos e também manter de forma responsável as atividades econômicas e os empregos", disse a prefeita.
A prefeitura de Piedade, região de Sorocaba, seguiu a mesma linha, liberando o comércio até as 20 horas. Segundo o município os indicadores são melhores do que em cidades vizinhas. Na manhã desta segunda-feira (25), havia movimento intenso na região central e algumas pessoas não usavam máscaras.
Em Araçariguama, o decreto permite que o comércio funcione até as 20 horas, entre domingo e quinta-feira, e até as 21 horas nos fins de semana. Já os supermercados podem abrir até a meia-noite medidas que contrariam o plano estadual.
Uma comissão de prefeitos liderados pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), reuniu-se na manhã desta segunda com o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, reivindicando a volta de 15 cidades da região para a fase laranja do Plano São Paulo. Os municípios foram rebaixados para a fase vermelha. Os prefeitos alegam que algumas cidades estão com índices melhores de ocupação hospitalar do que outras.
Eles querem autonomia para flexibilizar o comércio de acordo com indicadores locais de ocupação de leitos para covid-19. Vinholi confirmou o encontro e disse que o governo vai colocar, em parceria com a prefeitura, mais 20 leitos para Sorocaba, que é referência regional para a covid. No entanto, segundo o secretário, as cidades precisam se manter na fase vermelha até a próxima classificação do plano, que deve acontecer no dia 7 de fevereiro. Manga afirmou que a revisão pode ser antecipada para a próxima sexta-feira, 29.
Com relação a Bauru, Piedade e Araçariguama, o secretário disse que as três prefeituras já foram notificadas para acatarem o plano. "Notificamos agora de manhã e encaminhamos para o Ministério Público. Estamos contando que fiquem na fase vermelha o que será melhor para todos, inclusive para os moradores dessas cidades", disse Vinholi.
Protestos
Comerciantes de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, fizeram um protesto contra a volta da cidade à fase vermelha. Com faixas e cartazes contra o que chamaram de 'lockdown', eles caminharam pelo centro e interditaram o acesso às praias do norte e sul do município. O trevo de acesso à rodovia Rio-Santos também foi bloqueado.
A Associação Comercial e Empresarial de Ubatuba divulgou nota repudiando as novas regras. "Fechar o comércio com as praias abertas é declaradamente assinar o atestado de óbito de nossa amada Ubatuba", afirma o texto.
A prefeita Flávia Paschoal (PL) informou que tenta uma reunião com o governo para pedir uma revisão de fase. Segundo ela, tentativas anteriores de flexibilizar o plano foram barradas pelo MP. "O município é obrigado a cumprir o plano. Temos responsabilidades com as vidas. Nosso hospital (Santa Casa) foi deixado sem leitos de UTI; o que temos são leitos de suporte ventilatório. Peço a compreensão de todos, pois somos o município com menor orçamento do litoral e maior dificuldade na saúde", disse.
Em Limeira teve até caixão em protestos de donos de bares e restaurantes do interior de São Paulo, nesta segunda-feira, 25, contra as novas restrições ao comércio definidas pelo Plano São Paulo, para controle da pandemia de covid-19. A urna funerária, normalmente vista em atos que defendem o isolamento e a vacinação contra a doença, foi levada para uma praça, na região central de Limeira, por um grupo de comerciantes da cidade. Segundo eles, nesse caso, o caixão simboliza a morte pelo desemprego e a falta de renda.
O protesto continuou com uma carreata guiada por um carro de som e terminou em frente à prefeitura. A cidade está na fase laranja do plano, em que muitas atividades comerciais são permitidas, mas os comerciantes se insurgem principalmente contra a restrição à venda de bebidas alcoólicas no período noturno e a obrigatoriedade de fechamento total do comércio não essencial nos fins de semana. A prefeitura informou que ouviu representantes do setor, mas tem a obrigação de seguir o plano estadual.
Em Campinas, cidade que também está na fase laranja do Plano, donos e funcionários de bares protestaram contra o fim do atendimento presencial em dias úteis. Os manifestantes se concentraram no Largo do Rosário, na região central, e caminharam até a sede da prefeitura, ocupando a escadaria central do prédio. O setor alega dificuldades para manter os empregos. Representantes foram recebidos por gestores municipais. Em rede social, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) informou que a cidade precisa de mais leitos hospitalares para reivindicar, junto ao governo estadual, a reclassificação para uma fase menos restritiva.
Conforme o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, as restrições são necessárias diante das altas de casos, internações e mortes pela covid-19 nos últimos 15 dias, além da elevada ocupação de leitos de UTI. Segundo ele, as decisões do Plano São Paulo são técnicas, seguem critérios com muita transparência e devem ser seguidas pelas prefeituras "para segurança da população."