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Com casa destelhada 16 vezes, morador reclama de vácuo de avião

Com jogo de empurra, autoridades não esclarecem caso

São Paulo|Ana Beatriz Azevedo, estagiária do R7

A residência do empresário Cristian Markovic, de 41 anos, teve, segundo o morador, por volta de 50 telhas arrancadas pelo vácuo formado com a passagem dos aviões que se direcionam ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O incidente aconteceu por volta das 5h20 desta sexta-feira (17).

Segundo Markovic, que mora próximo ao aeroporto e está na rota de aviões no local, é a 16ª vez que telhas de sua residência são arrancadas pelo vácuo dos aviões. 

A situação preocupa o morador que tem uma filha pequena “se uma telha pega na cabeça dela ela morre, não posso deixar minha filha brincar no meu próprio quintal.”

Outros moradores e pessoas que trabalham na região fazem a mesma reclamação. Um funcionário, que pediu para não ser identificado, do Colégio Almeida Gasparin, vizinho ao aeroporto, afirma. "Faz tempo que não acontece, mas eu me lembro de ter acontecido várias vezes aqui."

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Segundo Markovic, diversas notificações aos órgãos responsáveis foram registradas. O primeiro boletim de ocorrência foi registrado como dano ao patrimônio em março de 2013 no nome da irmã de Markovic, Kelly Markovic.

Primeiro boletim de ocorrência
Primeiro boletim de ocorrência Primeiro boletim de ocorrência

Duas ocorrências foram registradas em junho e julho de 2016 ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o órgão ligado ao Ministério da Defesa e à Força Aérea Brasileira é responsável por coordenar rotas e altitudes das aeronaves.

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Na primeira ocorrência o órgão respondeu ao morador que "a localização de sua residência, a 3.2 km da pista de Guarulhos, implica na possibilidade de aeronaves sobrevoa-la em altitudes relativamente baixas (por volta de 100m de altura em relação à altura da pista), não sendo possível elevar muito devido à fase inicial de voo. Entretanto, a essa altura, é esperado que problemas como os relatados pela senhora não ocorressem. O Decea irá averiguar o ocorrido e informará assim que obtiver uma resposta."

Registro de ocorrência registrada no Decea
Registro de ocorrência registrada no Decea Registro de ocorrência registrada no Decea

Já na segunda ocorrência, a resposta que a família Markovic obteve orientava que eles registrassem em suas queixas a data e horário exato do ocorrido, além do prefixo da aeronave, para que o Decea pudesse então averiguar algum tipo de irregularidade que poderia ter causado o incidente. O empresário questionou a viabilidade do pedido do órgão: “como eu vou anotar o prefixo da aeronave se as minhas telhas são arrancadas quando o avião já passou?”

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Segunda ocorrência ao Decea
Segunda ocorrência ao Decea Segunda ocorrência ao Decea

O morador ainda possui registros de relatar ocorrências à GRU Airport, concessionária responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Guarulhos desde 2012 segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). Em 2013, o morador registrou um destelhamento em 25 de junho. Recebeu a resposta no dia 15 de julho afirmando inicialmente que o avião não passa por ali e posteriormente que se o destelhamento acontecesse por uma aeronave se daria no telhado todo.

Outro Lado

A reportagem entrou em contato com a Infraero e a GRU Airport ainda na sexta-feira (17). A Infraero afirmou que os questionamentos deveriam ser encaminhados à GRU que é a concessionária responsável por administrar o aeroporto desde 2012. A GRU pediu um prazo de até a manhã de terça-feira (21).

Passado o prazo a assessoria de comunicação da concessionária chegou a pedir dois adiamentos de prazo até informar na tarde desta quarta-feira (22) que não responderia aos questionamentos que perguntavam sobre a responsabilidade dos mesmos, a causa das ocorrências de destelhamento e as medidas que estavam sendo tomadas pela pasta para solucionar a situação para os moradores do entorno do aeroporto.

Ocorrência registrada na GRU Airpor em 2013
Ocorrência registrada na GRU Airpor em 2013 Ocorrência registrada na GRU Airpor em 2013

A reportagem questionou também o Ministério da Defesa, que regula juntamente com a Força Aérea Brasileira, o Decea. Inicialmente foi questionado à Ascom do ministério (Assessoria de Comunicação Social) se os questionamentos sobre a ocorrência dos destelhamentos deveria ser encaminhada à algum endereço específico, e foi informado à reportagem que o pedido de posicionamento poderia ser enviado para a própria assessoria.

A reportagem enviou o pedido ao e-mail da Ascom e recebeu como resposta que o mesmo deveria ser direcionado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Quando a Anac foi questionada, reiterou que a responsabilidade por controlar as rotas e a latitude dos aviões é do Decea.

Assim a reportagem entrou em contato novamente com a Ascom, informando a resposta da Anac e cobrando o posicionamento. Foi informado à reportagem que deveríamos procurar pela FAB (Força Aérea Brasileira) que poderia solucionar os questionamentos. O Ministério da Defesa encaminhou portanto o e-mail que continha todos os questionamentos ao órgão que respondeu afirmando que “até o momento, o Decea não recebeu nenhuma notificação deste tipo de ocorrência na região do entorno do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.”

A pasta afirmou ainda que “ todos os procedimentos de pouso e de decolagem adotados no Brasil seguem as normas e os métodos recomendados pela Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional).”

O R7, que teve acesso à registros fotográficos que confirmam antigas notificações direcionadas ao Decea, voltou a questionar a FAB sobre a existência desses registros e até o encerramento desta reportagem não obteve resposta.

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