Comércio pede incentivo do estado para enfrentar fase vermelha em SP
Entidades cobran a adoção de linhas de crédito e adiamento de impostos, entre outras ações, para evitar um colapso no setor
São Paulo|Do R7, com informações da Record TV
A Associação Comercial de São Paulo e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) cobram contrapartidas do governo de São Paulo para enfrentar os prejuízos previstos em razão do retorno da fase vermelha — a partir do próximo sábado (6) — no estado para combater a disseminação da covid-19.
De acordo com as novas normas impostas pelas autoridades sanitárias e anunciadas pelo governador João Doria (PSDB), os serviços considerados não essenciais permanecerão fechados por duas semanas. Segundo uma pesquisa encomendada pela CNI, 75 mil lojas fecharam as portas no país durante o ano passado.
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Por essas razões, o presidente da Assocciação Comercial de São Paulo, Alfredo Cotait Neto, afirma que é preciso priorizar a saúde mas, ao mesmo tempo, oferecer um alívio financeiro para as empresas.
"Ou o governo ajuda agora as empresas através de ajudas financeiras ou de postergação dos impostos. Se não fizer isso, mais empresas vão fechar e mais desemprego. Esse é o forte impacto das restrições. Necessárias, mas se não vier com uma contrapartida o impacto será devastador", frisou.
Já o economista-chefe da CNI, Renato Fonseca, diz que, apesar de a indústria estar livre das restrições, há o receio de que o avanço da pandemia atrapalhe ainda mais a retomada do setor.
"São empresas que estão realmente com dificuldades para se manter, por isso, é importante reforçar da importância da gente voltar a disponilizar linhas de crédito, principalmente, capitais de juros apoiado pelo Tesouro Nacional", declarou.
Ambas as entidades também concordam no caminho a ser trilhado para o país sair da crise provocada pelo novo coronavírus: "vacinação", conforme declararam o Alfredo Cotait Neto e Renato Fonseca.
Trabalhadores e empresários preocupados
Por sua vez, trabalhadores e empresários de estabelecimentos como restaurantes, salões de beleza, academias, shoppings e de outros tipos de comércio, especialmente do setor de serviços, temem as consequências da decisão tomada pela gestão estadual de proibir as atividades comerciais.
Ruth Damaris, proprietária de um salão de beleza, afirma que não possui uma reserva financeira para enfrentar um novo período de fechamento, como ocorreu no ano passado.
"É algo desesperador. A gente já vem retomando de uma situação que não estava boa e ter que parar novamente é algo muito complexo. Agora, é muito difícil a gente conseguir sobreviver a esse momento", projetou a empresária.
Carlos Lima, dono de um restaurante no centro de São Paulo, avalia que a única alternativa para manter o negócio vivo será investir no serviço de delivery. "A gente precisa de ações como um todo para atacar o problema. Vacina, suporte pra quem está sendo mais impacto, é um grupo de ações."
Porém, na primeira vez que preciso recorrer ao serviço de entrega para não perder totalmente a clientela, o empresário viu o faturamento despencar 70%. "É realmente por no papel, anotar os centavos e ver se dá para continuar e se não dá para continuar."
O empresário, que já perdeu o pai para a doença, concorda com a adoção de medidas para combater a pandemia, mas cobra mais esforços das autoridades. "A gente precisa de ações como um todo para atacar o problema. Vacina, suporte pra quem está sendo mais impacto, é um grupo de ações."
No entanto, alguns profissionais demonstram pessimismo em relação a mais uma fase considerada crítica que estão prestes a atravessar. "De uma para outra as coisas mudam. A gente tenta se adaptar a isso", ponderou o chef de cozinha Diego Reinhnart.