Como funciona a ‘prestação de serviços’ de lavagem de dinheiro para o PCC em SP
Operação Falso Mercúrio resultou no bloqueio de 57 contas, avaliadas em R$ 6 bilhões
São Paulo|Do Estadão Conteúdo
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Uma quadrilha de criminosos gerenciava uma rede de 49 empresas em um esquema de lavagem de dinheiro, atuando como um verdadeiro prestador de serviços para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a Polícia Civil de São Paulo.
As investigações mostram como padarias, adegas, concessionárias e fintechs ofereciam a traficantes, estelionatários e operadores de jogos de azar esquemas para ocultar o “dinheiro sujo”.
O coronel Paulo Mauricio Maculevicius Ferreira, secretário adjunto da Secretaria da Segurança Pública, explica que as empresas lavavam o dinheiro com a mescla de rendimentos (mistura do dinheiro “bom” e do dinheiro “ruim”) e triangulação (múltiplas transações entre pessoas físicas, jurídicas e empresas de fachada).
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“O que fizemos foi bloquear as contas bancárias daqueles CNPJs. Para que a gente consiga suspender a inscrição de cada atividade realizada por parte da Receita Federal, a gente precisa do retorno de algumas informações”, explica.
As empresas possuíam um organograma definido, com divisão de tarefas. Cada integrante tinha funções distintas e estruturadas para fazer com que o esquema funcionasse.
- os coletores, que ficam na base do esquema criminoso, ofereciam a traficantes, estelionatários e operadores de jogos de azar mecanismos para ocultar a origem ilícita dos valores e captavam o dinheiro para inseri-lo no mercado formal;
- os intermediários são encarregados de movimentar e ocultar os recursos. “Eles faziam movimentações, como pagamentos de boleto, transferências de valores abaixo de radar, abaixo do limite do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). São os mais importantes na nossa visão porque escondem o dinheiro”, diz o diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Ronaldo Sayeg;
- beneficiários finais, aqueles que recebem o dinheiro “limpo” e o recolocam no crime.
A Operação Falso Mercúrio, deflagrada nesta quinta-feira (4), mirou o ecossistema financeiro do grupo. Ao todo, 57 contas foram bloqueadas (20 de pessoas físicas, e 37 de pessoas jurídicas).
Como a Justiça determina que cada conta pode ter o bloqueio de até R$ 98 milhões, os investigadores calculam um bloqueio que pode chegar a R$ 6 bilhões.
Duas das empresas têm elo com Kauê do Amaral Coelho, olheiro do PCC envolvido no assassinato de Vinicius Gritzbach, delator da facção, executado no Aeroporto de Guarulhos no ano passado. O Estadão não localizou a sua defesa.
Sayeg explica que o êxito maior da operação são os bloqueios judiciais. Ao menos 257 veículos, avaliados em R$ 42 milhões, tiveram restrições judiciais aplicadas, além do sequestro de 49 imóveis no valor de R$ 170 milhões. Também foram bloqueadas três embarcações.
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