Segunda testemunha a depor no julgamento do Sandro Dota, Daiana Consoli, irmã da vítima e mulher do acusado na época do crime, contou que tinha uma relação “conturbada” com o ex-companheiro. Declarou ainda que o motoboy não gostava de ser “contrariado”. O júri do motoboy começou nesta segunda-feira (16).
— Eu tinha que vestir o que ele queria. Usava roupa larga e não passava maquiagem.
Dota foi acusado de matar a estudante Bianca Consoli, 19 anos, em setembro de 2011, dentro da casa da jovem, na zona leste de São Paulo. Ele responde por homicídio triplamente qualificado e por estupro. Em agosto deste ano, confessou o assassinato, mas negou o crime sexual. O motoboy chegou a se sentar no banco dos réus no mês de julho, mas, no momento do interrogatório, desconstituiu a defesa e o júri precisou ser adiado.
Daiana se emocionou ao falar sobre a suspeita de que o motoboy molestava o filho delas.
— Ele entrava no banheiro quando meus filhos estavam tomando banho. Aquilo me incomodava.
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A testemunha disse ainda que encontrar o corpo da irmã foi “a pior cena” que viu na vida. Daiana disse também que, na opinião dela, Dota além de matar, estuprou a irmã e que o fato de ele ter admitido o homicídio não minimizou o sofrimento da família.
— A confissão só acrescentou mais dor para gente. Para mim, o maior condenado foi ela [Bianca].
Dota
De camisa social azul clara, calça jeans, o acusado passou a maior parte do tempo de cabeça baixa. Algumas vezes, chegou a colocar as mãos sobre o rosto. Segundo Daiana, após o crime, Dota teria “a dopado” algumas vezes para que ela não tivesse acesso às notícias sobre a morte da irmã.
— Todo jornal que entrava na minha casa e tinha foto da Bianca, ele arrancava a foto dela. Eu falava: “Por quê?”. E ele respondia: “Para você não ficar sofrendo”.
A testemunha contou que, poucos dias antes da prisão, Dota andava nervoso quando foi detido, chegou a dizer que “tinha vontade de comprar um revólver”. Segundo ela, o motoboy explicou o motivo:
— Se fosse preso inocente, de duas uma: ou ele se matava na cadeia ou ia saindo pegando um por um da minha família.