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Conta de água tem reajuste em SP e valores valem a partir de maio

Tarifa sobe na região metropolitana, mas cai para a população de baixa renda. Há mudanças na composição tarifária da Sabesp

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Conta de água tem reajuste em São Paulo e novos valores valem a partir de 10 de maio
Conta de água tem reajuste em São Paulo e novos valores valem a partir de 10 de maio Conta de água tem reajuste em São Paulo e novos valores valem a partir de 10 de maio

As tarifas de água e esgoto nas cidades abastecidas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) sofreram reajustes, que passam a valer a partir de 10 de maio. A Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) divulgou a nova tabela de valores para os usuários dos serviços de saneamento básico no Diário Oficial na sexta-feira (9). 

O reajuste está limitado ao IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo) anual de 7,6%. Segundo a Arsesp, os usuários residenciais, comerciais, industriais e públicos terão as tarifas médias ajustadas pelo índice. A exceção são os usuários de baixa renda que terão redução de 1% nas tarifas.

Se por um lado os consumidores residenciais comuns vão pagar mais pelo serviço de saneamento básico, por outro foram ampliados os descontos para a população de baixa renda. 

Para exemplificar, a fatura atual de um domicílio com consumo de 10m³ na região metropolitana de São Paulo é de R$ 54,14. Com a atualização, o valor passará a ser R$ 58, um aumento de R$ 3,86, incluindo impostos.

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Já a tarifa para a população de baixa renda fica mais barata. A fatura para 10m³ hoje é de R$ 18,36 e será de R$ 18,10.

Na regulamentação, também foi criada uma nova categoria de cobrança, a chamada residencial vulnerável da população, que, no mesmo exemplo, teria fatura de R$ 13,80. O benefício deve começar a valer apenas a partir de outubro.

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"A revisão tarifária permitirá uma ampliação de 500 mil para 2 milhões o total de famílias de baixa renda beneficiadas com preços subsidiados até 2025. O modelo aprovado pela Arsesp expande a tarifa residencial social e a residencial vulnerável com base no CadÚnico (Cadastro Único) do Governo Federal, utilizado em programas sociais, e passa a atender famílias com renda per capita mensal de até R$ 178", explicou a Arsesp em nota.

Uma norma que deixará de existir é a cobrança mínima fixa de 10m³ de água. Até então, o consumidor pagava este valor, mesmo que não tivesse atingido a meta, mas isso mudou. Em 2022, o usuário será cobrado pelo volume de água efetivamente consumido no mês, além de uma taxa fixa, que é referente aos custos da Sabesp por oferecer o serviço. O valor é determinado pela Arsesp e depende da faixa de consumo do usuário.

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Outra mudança prevista para o ano que vem é o desmembramento da tarifa. Hoje todos os consumidores pagam pela água e também um valor único para coleta e tratamento do esgoto. Com a nova regulamentação, só vão pagar pelo serviço executado pela Sabesp.

"O usuário que tinha o esgoto somente coletado ou o que tinha o esgoto coletado e tratado, esses dois pagavam a mesma tarifa. Agora o usuário vai pagar pelo serviço que recebe. Se for coletado, só pela coleta, e, se for também tratado, paga as duas tarifas", detalha o coordenador de pesquisas do IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade), Guilherme Checco. 

Tarifa cara

O valor da tarifa de água e esgoto já pesa no bolso do consumidor. Uma moradora de Barueri, na Grande de São Paulo, que prefere não ser identificada, ficou surpresa ao ver o aumento na conta de abril. Ela tem 39 anos, mora de aluguel numa casa térrea no Jardim dos Camargos com o marido e o filho de 5 anos e viu a conta passar de R$ 48 para R$ 105.

"Foi um aumento muito grande, um pico altíssimo. Nada mudou aqui em casa. Liguei na Sabesp, porque a unidade que fica dentro do Ganha Tempo está fechada, e a atendente justificou que houve aumento por causa da pandemia", conta.

Tarifa será reduzida apenas para população de baixa renda
Tarifa será reduzida apenas para população de baixa renda Tarifa será reduzida apenas para população de baixa renda

Ela está desempregada há um ano e o marido é autônomo, trabalha como pintor e não tem um salário fixo. Para economizar, a família decidiu mudar hábitos. "A gente já paga aluguel, luz, mantimentos e a criança fica doente. A casa tem dois banheiros, mas um foi desativado por causa dos gastos, não uso a máquina de lavar, só lavo roupas na mão, e tomo banho junto com meu filho", revela.

Segundo a moradora, uma vizinha também reclamou da alta no valor da conta e até contratou uma empresa caça-vazamentos para descobrir se este era o motivo do aumento, mas nenhum problema foi identificado no imóvel.

Para o coordenador do IDS, há problemas no rateio de custos entre as diferentes categorias de consumidores: "A divisão ainda está bastante descalibrada, incorrendo num peso maior para o usuário da categoria residencial normal".

Revisão tarifária

De acordo com a Arsesp, o novo modelo tarifário estabelece quanto cada classe de consumidor pagará na fatura, levando em consideração a região em que o imóvel está localizado e o volume mensal consumido. Na prática, o usuário que consumir mais água, vai pagar mais caro. O objetivo é também evitar o desperdício.

As novas tabelas serão publicadas até 10 de abril de 2022, uma vez que as mudanças na composição da tarifa serão implementadas em maio do ano que vem. A revisão ocorre a cada quatro anos e envolve a discussão com especialistas no setor, mas também a sociedade civil por meio de audiências públicas.

No processo, a Arsesp reavalia os custos e as receitas da Sabesp. O objetivo é "encontrar a tarifa com menor impacto aos usuários, mas que garanta serviços de distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto com qualidade adequada, além dos investimentos para a universalização destes serviços essenciais".

Arsesp pretende incluir programa de proteção de mananciais na composição da tarifa
Arsesp pretende incluir programa de proteção de mananciais na composição da tarifa Arsesp pretende incluir programa de proteção de mananciais na composição da tarifa

Proteção de mananciais

Pela primeira vez, o documento da Arsesp contempla a criação de um programa de proteção de mananciais. A conservação, segundo o modelo regulatório, se daria por meio de um fundo com recursos dos municípios conveniados à agência.

A proposta ainda está em análise pela Consultoria Jurídica da PGE (Procuradoria Geral do Estado). Assim que o estudo for concluído, ele terá de ser discutido com a sociedade. 

Para Guilherme Checco, a indicação do programa no documento regulatório já é um avanço. "A Arsesp reconhece o potencial que a regulação tem em dar um incentivo adequado à proteção de mananciais e viabiliza investimentos nessas áreas, ao passo que isso seja incorporado na tarifa do prestador", enfatiza.

A proteção de mananciais é essencial para garantir a segurança hídrica e o abastecimento da população em meio às mudanças climáticas, como secas prolongadas e enchentes.

Procurada, a Sabesp apenas informou que cumpre todas as determinações apresentadas pela Arsesp. 

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