Corregedoria investiga atuação de PMs que mataram GCM em SP
Guarda trabalhava como segurança numa casa noturna de Osasco e foi baleado. Imagens mostram agente com as mãos para o alto
São Paulo|Do R7, com informações da Record TV
A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar investigam a conduta dos cinco policiais que atiraram e mataram o GCM (Guarda Civil Municipal) que trabalhava como segurança particular na casa de shows "Sempre Bella" em Osasco, na Grande São Paulo, na madrugada de sábado (8).
Câmeras de monitoramento flagraram a ação. Cinco policiais militares, em duas viaturas, realizavam patrulhamento pela avenida João Ventura dos Santos, no bairro Portal D'Oeste, por volta de 1h50, quando escutaram o barulho de tiros.
Pouco mais a frente, os agentes viram um homem, depois identificado como GCM Maurício Amorim Vidal, de 43 anos, efetuando disparos para o alto. O agente armado estava expulsando um casal que estava discutindo na balada e fez um disparo para cima.
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Nas imagens, é possível ver o momento que o GCM volta, coloca aos mãos para cima, fala alguma coisa, mas é baleado no tórax pela PM. Ferido e caído no chão, ele aguarda o resgate.
Momentos depois, o casal que se envolveu na discussão aparece também na imagem. Um dos PMs coloca o pé no pescoço do rapaz, conduta que também será apurada na investigação.
Na versão dos policiais, os agentes desembarcaram das viaturas e se abrigaram em diferentes espaços. Em seguida, pediram para que o guarda municipal largasse a arma que segurava. Naquele momento, segundo a PM, Maurício, que até então não havia se identificado como guarda municipal, se virou com a arma em direção aos agentes, que dispararam.
Maurício foi baleado e socorrido ao Hospital Regional de Osasco, mas não resistiu aos ferimentos. Dois seguranças da casa de show presenciaram toda a ação.
Para o irmão de Maurício, Marcelo Vidal, que é policial militar, os agentes erraram. "Meu irmão errou ao ter atirado, mas não merecia morrer desta forma. Eu vi nas imagens, ele não teve chance. Quem trabalha na segurança pública tem que ter mais atenção", cobra.
O comandante da GCM, Adenal Vitalino, concorda que a PM errou: "Ação totalmente errada. O guarda mostrava que não queria o confronto e ocorreu o fato".
Maurício trabalhava na GCM de Osasco há 6 anos e deixa duas filhas. Amigos de profissão prestaram homenagens ao agente no velório.
Apreensão
Próximo ao local foi encontrado um veículo Fiat Siena, que pertencia ao GCM. Dentro do veículo os agentes localizaram outra arma de fogo. O carro foi entregue ao tio da vítima.
Todos foram conduzidos ao 10º Distrito Policial de Osasco, que pediu assessoramento ao Setor de Homicídios do município.
O Instituto de Criminalística de Barueri foi acionado para realização da perícia e exames residuográficos nas mãos dos policiais envolvidos na ocorrência e também da vítima. Foi solicitado exame necroscópico e toxicológico para Maurício.
As armas dos policiais militares assim como as duas armas de Maurício foram apreendidas. O mesmo ocorreu com os 13 estojos de munição encontrados no local.
O delegado entendeu que os policiais militares agiram "sob a salvaguarda da excludente de ilicitude do estrito cumprimento do dever legal, motivo pelo qual, deixou de lavrar o flagrante em relação ao homicídio, sem prejuízo de eventual modificação futura da capitulação".
O caso foi registrado como homicídio simples (morte decorrente de intervenção policial), disparo de arma consumado e estrito cumprimento de dever legal.
A Corregedoria da Polícia Militar vai investigar a conduta dos policiais envolvidos.