Corretor é suspeito de mandar matar megatraficante para não devolver US$ 100 milhões ao PCC
Dinheiro teria sido entregue por criminosos ao corretor de imóveis para investimentos em criptomoedas
São Paulo|Por Luanna Barros e Luís Adorno, da Record TV
Os assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Magrelo, e de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, ocorridos em dezembro do ano passado e janeiro deste ano, respectivamente, em São Paulo, estão ligados, segundo a Polícia Civil. A morte dos dois, sobre os quais pesa a suspeita de agirem em conluio com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), teria tido a participação direta ou indireta de um corretor de imóveis.
Preso nesta terça-feira (8) pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) no bairro do Anália Franco, na zona leste da capital paulista, o corretor de imóveis Antônio Vinícius Lopes Gritzback, de 36 anos, teria, segundo a Polícia Civil, mandado matar Magrelo. Além disso, Django teria sido morto a mando de outras lideranças do PCC sob a suspeita de que ele teria defendido Gritzback após a morte de Anselmo.
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Com prisão temporária de 30 dias, o suspeito negou à polícia participação nos crimes. No entanto, admitiu que realizou negócios com Magrelo no passado. Até esta publicação, a reportagem não conseguiu contatar a defesa de Gritzback.
Segundo a investigação, Gritzback conhecia Magrelo havia pelo menos sete anos, desde quando era um corretor de imóveis de menos renome no mercado. À época, Magrelo comprou, com ele, um apartamento, na planta, no Anália Franco. Depois, eles se aproximaram, e Magrelo começou a indicar Gritzback para que outros criminosos também comprassem apartamentos, na mesma região, com o mesmo corretor.
Vinícius cresceu e se tornou milionário, ainda de acordo com o DHPP. Além de trabalhar no mercado imobiliário, Gritzback começou a atuar no mercado financeiro, por meio de investimentos em criptomoedas. Confiando no corretor, Magrelo entregou a ele US$ 100 milhões para serem investidos em criptomoedas. Depois, ele pediu o dinheiro de volta, dando ao corretor um prazo de seis meses para a devolução. Vinícius afirmou à polícia que devolveu o valor, mas a informação não foi confirmada.
Uma das linhas de investigação da polícia, porém, considera a hipótese de que, ao não devolver o dinheiro e temer pela própria vida, Gritzback contratou um policial penal para matar Magrelo. O policial penal aceitou a tarefa, porém terceirizou o homicídio, contratando um suspeito identificado como Noé Alves Schaun, de 42 anos, que já tinha passagens pela polícia por crimes diversos.
Ainda de acordo com essa linha de investigação, Noé matou Magrelo, mas sem saber que Magrelo era bem considerado e influente dentro do crime organizado de São Paulo. Noé achava que Magrelo era apenas um empresário que estaria tentando extorquir dinheiro de Gritzback. Após o homicídio, a chefia do PCC descobriu que o executor de Anselmo era Noé e não o perdoou. Noé foi morto 20 dias após o homicídio de Anselmo. O corpo de Noé foi encontrado em Suzano, na Grande São Paulo. Sua cabeça foi separada do corpo e deixada no Tatuapé, onde Anselmo foi executado.
Depois, Gritzback foi sequestrado e levado para conversar com lideranças da facção criminosa em um local desconhecido da capital. Lá, ele teria sido torturado até dizer onde estavam os 100 milhões de dólares investidos por Magrelo. Durante essa conversa, Django foi chamado. Ele também tinha feito um investimento, mas de quantia menor: 40 milhões de reais, entregues nas mãos de Vinícius. A ideia também era investir em criptomoedas.
No local, Django pediu o montante de volta. Gritzback o teria então devolvido, e Django defendeu a sua liberação. O que ocorreu. No entanto, depois disso, a cúpula entendeu que Django havia ficado do lado de Vinícius, não defendendo a memória de Anselmo. Essa é a razão do homicídio de Django, segundo a polícia.