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Corte no Passe Livre em SP põe em risco teatro, esporte e faculdade, dizem estudantes

Jovens protestaram contra mudança e têm como meta barrar a decisão da prefeitura

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Estudantes protestaram nesta quarta-feira (12)
Estudantes protestaram nesta quarta-feira (12) Estudantes protestaram nesta quarta-feira (12)

Centenas de estudantes se reuniram nesta quarta-feira (12) em frente à Prefeitura de São Paulo para protestar contra a redução de horas de uso do Passe Livre Estudantil. A mudança foi publicada no Diário Oficial do município no dia 8 de julho, logo após o começo das férias escolares.

Antes da mudança, o aluno podia fazer até oito viagens durante as 24h do dia. Depois da decisão, o estudante pode fazer quatro viagens durante duas horas e, em outro momento do dia, mais quatro viagens durante duas horas. De acordo com estudantes ouvidos pelo R7, a decisão é prejudicial para eles e limita a circulação por São Paulo.

O estudante Pedro Henrique Reis, tem aula na E.E. Dr. Francisco Borges Vieira, na Vila Alpina, zona leste de São Paulo, e acredita que o Passe Livre Estudantil serve para trabalhar, estudar e fazer cursos. Com a redução, ele entende que seu acesso à cidade ficará muito mais restrito.

— Cara, R$ 3,80. Olha como é que está o desemprego, olha como é que está o Brasil. A passagem tende a aumentar, a integração aumentou. Tudo tende a aumentar para a gente perder o nosso direito? Isso é uma sacanagem. Ele [João Doria] vai restringir o nosso acesso à cidade que é um direito nosso. Não é transporte público. Porque, se é transporte público, você não paga.

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A estudante Camila Andrade Sauê, tem aula na E.E. José Chediak, no Parque São Lucas, na zona leste de São Paulo, e conta que teria que abrir mão do seu curso de teatro que faz aos finais de semana caso a decisão realmente passe a valer na volta das férias. Segundo ela, o curso que faz é, inclusive, proporcionado pela Prefeitura de São Paulo.

— Não adianta nada a prefeitura dar uma coisa de graça para gente de fim de semana sendo que a gente não pode ir de graça. Eu acho que [a decisão] vai limitar muito os estudantes para acessar coisas gratuitas da prefeitura, arte, museu, escola...

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De acordo com o estudante Derick Tarifa, que faz gestão de pessoas na Etec (Escola Técnica Estadual de São Paulo), “é nítido que, com a retirada, a mobilidade urbana [do estudante] se restringe a ida e volta da escola”.

— Mas ele [Doria] não pensa que tem curso, trabalhos... ele simplesmente fez essa mudança sem pensar nessas questões. Ele deixou de pensar em vários pontos. Foi uma medida precipitada, foi uma medida covarde. Acredito que estamos aqui hoje para mostrar que não é bem assim.

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A estudante Natiele da Cruz Lima, tem aula na Escola Estadual Francisco Antunes Filho, em Guarulhos, e diz que o problema é que a sociedade entende que o aluno “só estuda”. Mas argumenta que os jovens precisam também aproveitar espaços culturais, cinema e ter acesso ao esporte.

— A garotada precisa disso no seu dia a dia. Então, isso fica muito limitado cortando e reduzindo os investimentos do Passe Livre. Vai dificultar a vida do estudante porque a gente já não tem qualidade no esporte, na cultura, não temos isso de forma aberta. E hoje, o que conquistamos através de muita luta, vem um governo que quer reduzir isso. Então é prejudicial para nossa vida.

A estudante Aparecida Bezerra é estagiária da Prefeitura de São Paulo como professora no Parceiros da Aprendizagem e estudante de letras. Ela explica que sua ida para a faculdade será prejudicada com a mudança.

— No trajeto que eu faço, são três ônibus para ir e três para voltar e o período varia de uma hora e meia a duas horas. Então, qualquer coisa que aconteça durante o trajeto, eu já vou ter que arcar com uma outra condução. Vai me afetar diariamente.

Estudantes se reuniram em frente à Prefeitura de São Paulo
Estudantes se reuniram em frente à Prefeitura de São Paulo Estudantes se reuniram em frente à Prefeitura de São Paulo

Ela diz que “infelizmente é tirar de onde não tem” para arcar com o gasto no transporte. Aparecida afirma que está no último semestre da faculdade e que não pode desistir do curso por causa de “uma política ridícula, que só afeta quem realmente precisa”.

— É uma política de “emburrecer”, de tirar o direito à cultura de quem precisa.

Como a mudança passa a valer a partir de 1º de agosto, as lideranças estudantis planejam outros protestos e ações contra a decisão da prefeitura para tentar fazer com que a gestão Doria repense as mudanças. O próximo ato foi marcado para o dia 18 de julho, às 17h, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista.

Até o momento, os estudantes ouvidos pelo R7 não pensam em mudar a rotina em função do corte. Eles acreditam que, protestando nas ruas, vão conseguir barrar a decisão da prefeitura.

O jovem Pedro Reis diz que acha que “o único jeito de a gente resolver isso agora é o povo na rua”. Camila afirma que aguarda, “do fundo do coração, que não tenha essa mudança”.

— Eu espero que as manifestações cheguem até o Doria para que ele veja que ele está fazendo errado. Tomara que ele escute. Minha única atitude agora é fazer as manifestações, é gritar contra isso mesmo e, se ele não mudar no dia 1º de agosto, eu, realmente, não tenho como resolver essa situação.

Natiele diz que “abrir mão não é a solução” e que “tudo foi feito através de muita luta, de muita resistência”. De acordo com a prefeitura, serão economizados R$ 70 milhões com a medida. Esse dinheiro seria todo transferido para a educação. Sobre isso, o estudante Derick diz que “você não gasta com Passe Livre, você investe na juventude”.

— Acho que ele não está pensando nesse ponto. Acho que ele está tratando de uma forma desrespeitosa os estudantes. Ele não tem nenhuma desculpa. Quando a gente fala de jovem e estudo, a gente não fala de gasto, a gente fala de investimento.

Segundo a portaria número 125/17, foi considerada “a real necessidade de deslocamentos vinculados à atividade escolar”. As cotas vão poder variar “conforme a frequência exigida pela instituição, de 10 cotas por mês para cursos que exijam uma presença por semana a até 48 cotas por mês para curso que exijam cinco presenças por semana”.

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