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Diagnóstico errado no Hospital da Unicamp faz paciente passar por quimioterapia sem ter câncer

Juiz definiu indenização de R$ 50 mil por danos morais, alegando que não houve sequelas permanentes para a vítima

São Paulo|Do Estadão Conteúdo

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Governo de SP condenado a indenizar paciente em R$ 50 mil por diagnóstico errado de câncer no Hospital da Unicamp.
  • Paciente submetido a quimioterapia desnecessária após diagnóstico incorreto de Linfoma não Hodgkin.
  • Laudo posterior mostrou que o diagnóstico foi equivocado, indicando infiltração linfocitária atípica por provável doença autoimune.
  • Justiça reconheceu a gravidade do erro e os efeitos colaterais sofridos, mas estipulou indenização em R$ 50 mil por não haver sequelas permanentes.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Paciente relata que foi submetido a exames no hospital que o diagnosticaram com Linfoma não Hodgkin Reprodução/Raphael Figueira

O governo do estado de São Paulo foi condenado, no início de outubro, a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais a um paciente que recebeu um diagnóstico errado do Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo. Procuradas, a gestão estadual e a Unicamp não se manifestaram. O espaço segue aberto.

No processo, o paciente relata que foi submetido a exames no hospital que o diagnosticaram com Linfoma não Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que se inicia nos linfócitos, que são células do sistema imunológico responsáveis por defender o corpo contra infecções.


Em 2020, ele passou por tratamento com quimioterapia. No entanto, novos exames constataram que o diagnóstico estava errado e que ele nunca teve câncer.

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Um laudo elaborado pelo Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo) e anexado ao processo apontou que o primeiro diagnóstico foi obtido por meio de uma biópsia da lesão óssea, mas, após a revisão das lâminas, o resultado do exame foi alterado para “inconclusivo para o diagnóstico de linfoma não Hodgkin, sendo considerado infiltração linfocitária atípica por provável doença autoimune”.


“O periciando não foi tratado de acordo com a prática médica usual por diagnóstico equivocado do serviço de anatomia patológica, o qual consta que não teria informação prévia de que o periciando era portador de doença autoimune, sendo que foi feito diagnóstico equivocado de linfoma não Hodgkin baixo grau de malignidade, imunofenotipagem B”, diz a conclusão do laudo do Imesc.

O advogado Caique Mazzer, que representa o paciente, alegou no processo que ele sofreu graves efeitos colaterais, como fortes dores, náuseas e neutropenia febril.


Ele argumentou que a submissão a um tratamento agressivo e desnecessário, baseada em um diagnóstico equivocado, configura falha na prestação do serviço público de saúde e pediu R$ 250 mil em indenização por danos morais.

O processo é contra a Fazenda Pública do estado de São Paulo, que defendeu, inicialmente, que a responsabilidade era da Unicamp, já que se trata de uma autarquia autônoma.


O governo estadual chegou a afirmar que documentos enviados pela Unicamp demonstraram que “foi dado amplo e irrestrito tratamento ao autor, se valendo das técnicas reconhecidas na literatura médica, não havendo erro a ser imputado ao corpo clínico”.

No entanto, o juiz Francisco José Blanco Magdalena, da 2ª Vara da Fazenda Pública, defendeu a responsabilidade do estado de São Paulo, uma vez que deve garantir a adequada prestação dos serviços de saúde à população, “ainda que por meio de suas autarquias”.

“A submissão a um tratamento de quimioterapia sem a devida necessidade constitui grave falha na prestação do serviço de saúde, ensejando o dever de indenizar”, escreveu o magistrado.

Na decisão, Magdalena considerou que, apesar da gravidade do erro da agressividade do tratamento indevido e do abalo psicológico do paciente, os efeitos colaterais não deixaram sequelas permanentes, e definiu em R$ 50 mil a indenização por danos morais.

“É inegável o profundo abalo psicológico e o sofrimento físico impostos a um indivíduo que recebe um diagnóstico de câncer e é submetido a um tratamento agressivo como a quimioterapia, para depois descobrir que tudo foi um equívoco”, disse.

“O autor foi exposto não apenas aos severos efeitos colaterais do tratamento, como náuseas, dores e a perigosa neutropenia febril, mas também à angústia, ao medo e à incerteza inerentes ao diagnóstico de uma doença tão grave.”

Perguntas e Respostas

 

Qual foi o erro cometido pelo Hospital da Unicamp?

 

O Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp) fez um diagnóstico errado, informando a um paciente que ele tinha Linfoma não Hodgkin, um tipo de câncer. Após tratamento com quimioterapia, novos exames revelaram que o paciente nunca teve câncer.

 

Qual foi a decisão judicial relacionada ao caso?

 

O governo do estado de São Paulo foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais ao paciente. O juiz Francisco José Blanco Magdalena considerou que houve falha na prestação do serviço de saúde, mas destacou que não houve sequelas permanentes para o paciente.

 

Quais foram os efeitos do tratamento no paciente?

 

O paciente sofreu graves efeitos colaterais devido ao tratamento com quimioterapia, incluindo fortes dores, náuseas e neutropenia febril. O advogado do paciente argumentou que o tratamento foi agressivo e desnecessário, resultante de um diagnóstico equivocado.

 

Como a Unicamp e o governo estadual se posicionaram sobre o caso?

 

A gestão estadual e a Unicamp não se manifestaram sobre a condenação. Inicialmente, o governo estadual alegou que a responsabilidade era da Unicamp, afirmando que o tratamento foi adequado e que não houve erro por parte do corpo clínico.

 

O que o juiz considerou na sua decisão?

 

O juiz considerou que a responsabilidade pela prestação de serviços de saúde é do estado de São Paulo, mesmo quando realizada por autarquias. Ele destacou que a quimioterapia sem necessidade é uma grave falha e que o paciente sofreu abalo psicológico e físico, embora não tenha deixado sequelas permanentes.

 

Quais foram as palavras do juiz sobre o sofrimento do paciente?

 

O juiz afirmou que é inegável o profundo abalo psicológico e o sofrimento físico impostos ao paciente, que recebeu um diagnóstico de câncer e foi submetido a um tratamento agressivo, apenas para descobrir que tudo foi um equívoco. Ele mencionou a angústia e o medo que o paciente enfrentou devido ao diagnóstico de uma doença tão grave.

 

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