João Doria deixou a prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (06). Durante seus 15 meses de mandato, cumpriu apenas 21% das promessas que fez em seu programa de governo e durante campanha eleitoral de acordo com levantamento realizado pelo R7. Foram 19 promessas cumpridas, 35 não cumpridas e 36 em andamento. Nessa última categoria, porém, existem projetos em etapas muito iniciais e outros em estágios mais avançados. Em importantes áreas como a educação, o prefeito havia prometido fazer convênios e zerar o déficit de vagas em creches em um ano. Apesar de a prefeitura ter informado que a gestão ampliou em 27.501 o número de matrículas em creches para crianças de até três ano, o déficit não foi zerado. No âmbito da Cultura, Doria não criou o Centro de Memória da Dramaturgia, nem o Museu da História de São Paulo. Uma medida polêmica, nessa área, foi a proibição dos pancadões. O prefeito chegou a dizer em uma entrevista que as festas seriam realizadas por integrantes de facções criminosas. De acordo com a prefeitura, um projeto piloto reduziu de 50 para cinco o número de festas em Cidades Tiradentes, na zona leste da cidade. Na área dos Direitos Humanos, apenas três promessas foram cumpridas, também de forma polêmica. Doria criou os Centros Temporários de Acolhimento que oferece abrigo para moradores de rua com canil. A gestão de Doria foi marcada ainda pelo fim do programa De Braços Abertos, de seu antecessor Fernando Haddad. Doria criou o Redenção e desativou os hotéis que faziam parte da concepção do projeto anterior. Quase todas as ações na região da Cracolândia, no centro da cidade, foram marcadas por confrontos. Doria não criou um centro regional de atendimento a crianças e adolescentes, nem implantou centros de informação e orientação ao imigrante e ao refugiado em pontos de entrada da cidade, tampouco os centros de combate ao racismo. Na área da saúde, algumas promessas do prefeito foram cumpridas como a criação de um sistema de informações de saúde para facilitar o acesso aos serviços da rede municipal. Além disso, segundo a prefeitura, o programa corujão da Saúde normalizou a fila de 485,3 mil exames remanescentes de 2016. “Hoje, a demanda é de 92.688, porém há 143.877 vagas livres para agendamento, o que significa que a demanda existente será atendida e não há mais o represamento de solicitações”, afirmou a Secretaria Municipal da Saúde por meio de nota. Outras promessas, no entanto, não foram cumpridas, como a integração dos hospitais municipais e estaduais, ou cumpridas apenas em partes, como colocar carretas do programa “Doutor Saúde” nas 32 prefeituras regionais. Segundo o órgão, foram colocadas somente 12 carretas para atendimento. Doria também prometeu a contratação de 800 médicos. No entanto, foram contratados 647. Uma das principais bandeiras de Doria enquanto candidato eram as privatizações. Com toda a campanha baseada na necessidade de aproximação do poder público à iniciativa privada, nenhuma das principais propostas de concessão foi concluída. De acordo com a prefeitura, foi aprovada a lei que autoriza a concessão de três mercados municipais, o estádio do Pacaembu e de parques municipais, como o Ibirapuera. Em relação aos cuidados e melhorias com a cidades, a prefeitura afirma que a Guarda Civil Metropolitana trabalhou para coibir pichações na cidade, foram 134 prisões em flagrante em 2017. Em campanha, Doria prometeu construir 30 piscinões em áreas mais vulneráveis a enchentes e não cumpriu. Segundo o órgão, foram entregues apenas dois, ambos na zona leste da cidade, em Guarmiranga e Aricanduva. Três outros estão em obras, na zona sul e leste. A meta sobre revitalização dos córregos da cidade foi cumprida em partes, uma vez que está em execução a canalização de 230 metros do Córrego dos Alcatrazes, 772 metros do Córrego Tremembé e 160 metros do Córrego de Mirassol. Nenhuma dessas obras, porém, foi concluída durante os meses de mandato de Doria.O que saiu do papel Entre as principais promessas cumpridas por Doria durante os meses que esteve à frente da prefeitura, algumas estão relacionadas à criação de aplicativos que facilitariam o acesso da população à saúde, ao transporte e aos meios para empreender. Outras delas estão relacionadas à gestão, como a mudança do nome de subprefeituras para prefeituras regionais e adoção de metas nessas prefeituras. Uma das medidas cumpridas nos meses de mandato e mais comentadas pela população foi a mudança na velocidade nas marginais. Questionada por especialistas que acreditavam que o programa aumentaria o número de acidentes, a Prefeitura afirmou que foram adotadas medidas para aumentar a segurança dos motoristas, pedestres, ciclistas e usuários do transporte público. Projetos na área de transporte e mobilidade urbana como a liberação de carros no viaduto da Nove de Julho, ampliação do horário de ônibus noturno foram cumpridos.Outro lado O R7 usou como base o levantamento enviado para a Prefeitura de São Paulo sobre as 90 promessas feitas pelo tucano durante as eleições. Cada uma das secretarias municipais enviou um posicionamento sobre o cumprimento ou andamento de suas metas. A reportagem também solicitou uma entrevista com o ex-prefeito João Doria e outra com o atual prefeito Bruno Covas. Ambas foram negadas pela Secretaria Especial de Comunicação.