Doria inclui farinha de alimentos descartados na merenda escolar
Prefeitura pretende trocar bolachas e outros processados por farinatta
São Paulo|Gustavo Basso, do R7
A Prefeitura de São Paulo vai distribuir a farinha feita de alimentos próximos ao vencimento, descartados pela indústria, junto da merenda escolar da rede municipal. O anúncio foi feito pelo prefeito João Doria na manhã desta quarta-feira (18).
"A farinatta [como é chamado o composto] já começa a ser distribuída em algumas escolas da rede municipal de ensino a partir deste mês de outubro. E gradualmente [será estendida] para o restante da rede", disse Doria.
O plano da Prefeitura é que alimentos produzidos com a farinha substitua bolachas e outros processados servidos nas escolas públicas.
O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa na Cúria Metropolitana, da igreja Católica, com a presença do cardeal d. Odilo Scherer, que tem apoiado a iniciativa.
Questionado sobre vídeo que circula em redes sociais, da época em que apresentava o reality show O Aprendiz, no qual repreende um participante que havia feito levantamento sobre hábitos alimentares de pessoas de baixa renda, Doria reforçou afirmação feita pouco antes por d. Odilo: "Essa resposta foi dada pelo cardeal arcebispo de São Paulo: pobre tem fome, não tem hábito alimentar."
Também questionado a respeito de hábitos alimentares de pessoas de baixa renda, d. Odilo havia afirmado: "Pobre tem fome. Hábito alimentar é para quem tem disponibilidade de alimentos e pode ser dar ao luxo de ter uma alimentação regular, refeições regulares, alimentos selecionados, colhidos. Pobre não tem isso. Claro que o ideal da refeição é poder-se sentar a uma mesa, com toalha bonita, talheres, tudo muito bonito, em um momento social bem elaborado. Esse seria o significado da refeição. Porém, quem se arrasta no chão por fome... eu vou deixar de atender à fome dele porque eu não posso dar — ou porque ele não está podendo-se sentar a — uma mesa bem posta? A necessidade é socorrer primeiramente a fome do pobre."
Também presente no evento, Rosana Perotti, da ONG Plataforma Sinergia, responsável pela ideia adotada pela Prefeitura, afirmou que o produto será fabricado e bancado pela indústria alimentícia. Segundo ela, em vez de pagar pelo descarte dos alimentos não aproveitados, a indústria gastará para esses alimentos possam ser utilizados.
Autor do projeto de lei que estabelece a reutilização de alimentos descartados pela indústria, Gilberto Natalini (PV) afirmou, após acompanhar a coletiva, que até restaurantes e bares podem se beneficiar. "O descarte de alimentos é muito caro para restaurantes. Esse processo pode baratear o destino dado à comida não aproveitada", disse.
Antes da coletiva, pães feitos com a farinatta foram servidos a jornalistas. No início da apresentação, o prefeito revelou que os alimentos tinham o composto.