'Ela foi um anjo e tinha um sorriso contagiante', afirma irmã de jovem vítima de feminicídio em SP
Camila Figueiredo Alves de 27 anos foi morta a facadas pelo ex-namorado Rogério Martins em Diadema neste sábado (4)
São Paulo|Letícia Dauer, do R7
“Ela foi um anjo e tinha um sorriso contagiante. Você podia estar no pior dia que ela te envolvia em alegria”, descreveu emocionada Paolla Figueiredo Alves, irmã de Camila Figueiredo Alves, de 27 anos. A jovem foi morta pelo ex-namorado Rogério Martins em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, neste sábado (4).
Após cometer o feminicídio, o homem se entregou à polícia e confessou o crime. Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Com o sonho de ser advogada, Camila trancou o último semestre da faculdade de direito para se dedicar ao filho, de 4 anos, fruto do relacionamento com Rogério. “Ela era uma ótima mãe e era doida pelo filho. Ele adora o Homem-Aranha, por isso ele falava que era o Peter Parker, e ela era a Mary Jane”, contou a irmã da vítima.
Segundo a família, a jovem começou a namorar e a morar com o agressor em 2017. Logo no primeiro ano, ela foi vítima de violência doméstica. Ao R7, Paolla relembrou que acompanhou a irmã no registro do boletim de ocorrência e na realização do exame do corpo de delito. "Os braços não estavam roxos, estavam pretos de tanto que ele esmurrou o braço dela", afirma.
Recebendo ameaças psicológicas, ela retirou a queixa na polícia contra Rogério, e não conseguiu uma medida protetiva. Além desse episódio, o namoro foi marcado por brigas e discussões. Camila foi obrigada a se afastar dos amigos devido às crises de ciúmes, de acordo com Andreia Aparecida Alves de Araújo Rocha, outra irmã da vítima.
“Ela sempre reconheceu que era um relacionamento abusivo, mas era difícil sair dessa situação”, lamentou Paolla. Há seis meses, a jovem finalmente conseguiu "bater o martelo" e terminar a relação. Rogério deixou a residência, porém continuava visitando o filho, além de ameaçar constantemente a vítima.
Dois meses depois do término, Camila passou a morar com a irmã Paolla e a sobrinha. Ela também começou um novo relacionamento e engravidou. Descrita pela família como uma "super mãe", para cuidar dos filhos, ela pediu as contas no trabalho.
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Neste sábado, Camila levou Heitor para visitar o pai no trabalho, uma serralheria localizada no bairro Vila Conceição. Aproveitando a situação, Rogério matou a ex-namorada, grávida de quatro meses, com golpes de faca, enquanto o filho esperava no escritório.
Após o crime, o agressor foi até um bar, onde consumiu bebidas alcoólicas. Supostamente arrependido, ele se dirigiu até o 3º Distrito Policial de Diadema e confessou o crime. Os policiais, então, foram até a serralheria e encontraram Camila já sem vida.
Ao R7, Paolla ainda informou que entrou com um pedido de guarda no Conselho Tutelar e solicitou uma medida protetiva contra o agressor. Atualmente, Heitor está morando com os avós maternos.
Como denunciar um caso de violência?
Em caso de emergência, a vítima ou alguém que esteja presenciando algum episódio de violência, pode ligar para o telefone 190. Uma viatura da Polícia Militar será enviada até o local para prestar atendimento. O serviço está disponível durante 24h por dia, todos os dias.
Outra possibilidade é ligar para o 180, a Central de Atendimento à Mulher, que presta serviço de escuta e acolhimento às mulheres em situação de violência. As vítimas podem ser direcionadas para a rede de atendimento especializada.
Para registrar um boletim de ocorrência, a vítima pode procurar uma Delegacia de Defesa da Mulher, uma Delegacia de Polícia ou fazer uma denúncia on-line pelo site da Secretaria de Segurança Pública.