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Elize Matsunaga vivia casamento “falido”, diz advogado de acusada de matar e esquartejar marido

Luciano Santoro diz que a promotoria não sustenta acusação de que ré matou por dinheiro

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Elize responde por homicídio doloso triplamente qualificado, além de ocultação de cadáver
Elize responde por homicídio doloso triplamente qualificado, além de ocultação de cadáver Elize responde por homicídio doloso triplamente qualificado, além de ocultação de cadáver

Uma mulher humilhada, submetida a constantes ofensas, que agiu sob forte emoção ao matar e esquartejar o marido, o executivo da Yoki Marcos Matsunaga. É desta forma que Luciano Santoro, advogado de Elize Matsunaga, vai apresentar a cliente durante o julgamento - que ainda não tem data marcada. Em entrevista ao R7, o defensor adiantou como pretende desconstruir as acusações do Ministério Público.

Elize responde por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), além de ocultação de cadáver. Quando ofereceu a denúncia, o promotor José Carlos Cosenzo foi categórico ao afirmar que a acusada matou o marido por dinheiro e sustentou que a ré não queria perder o casamento e o status social que adquiriu com ele. De acordo com a promotoria, com a morte do empresário, Elize seria beneficiada por um seguro de R$ 600 mil e teria a filha como herdeira do patrimônio do pai.

Igualmente enfático, Santoro rebate:

— Na verdade, a acusação suspeita que a motivação foi financeira, só que, primeiro, o promotor tem que mostrar onde está o dinheiro. Até agora, ele não conseguiu mostrar sequer que havia dinheiro. Marcos não tinha bens. Ele tinha um apartamento e Elize tinha outro. Os bens do casal se resumem a isso: um apartamento, que, na verdade, são dois apartamentos. Marcos tinha dinheiro quando vivo, porque os pais dele são muito ricos, mas os pais, não ele.

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Questionado sobre a fortuna da família Matsunaga, que, no futuro será herdada pela filha do casal, o advogado argumenta.

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— O dia em que os avós falecerem, ela vai ter um bom dinheiro. Mas há alguma perspectiva de que eles venham a falecer? Algum deles está doente a ponto de a Elize ficar rica imediatamente? Não existe absolutamente nada disso. Isso é uma ilusão para tentar sustentar uma qualificadora que não fica em pé. Tenho certeza de que os jurados, lá na frente, saberão muito bem discernir a fantasia da realidade.

Já sobre o seguro de vida que Marcos teria feito, minimiza.

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— Seguro de R$ 600 mil é um seguro que qualquer pessoa de classe média tem. Não seria por isso que ela mataria o marido dela. O padrão de vida do casal era muito maior do que isso. Um seguro de R$ 600 mil seria consumido em um ano pelo padrão de vida que eles tinham.

“Casamento falido”

O defensor refuta a tese da promotoria de que o crime foi minuciosamente premeditado por Elize.

— Para mim, é muito simples: se ela tivesse premeditado, faria tudo diferente. Não teria matado seu marido dentro da sua própria casa. Isso não tem a menor lógica. O que a gente vê em casos de premeditação normalmente é a contratação de uma terceira pessoa, é a presença de outra pessoa agindo, atuando, executando o crime.

Santoro conta que cerca de seis meses antes do homicídio, o casamento de Elize e Marcos já demonstrava sinais de crise, em suas palavras, estava “falido”. Segundo ele, inicialmente, ambos eram contrários à separação.

— Durante os últimos seis meses, os dois estavam muito relutantes em se separar. Elize chegou a procurar uma advogada, quando viu que não tinha mais jeito. Ela tinha ido viajar, ido para a Bahia para dar um tempo, o Marcos pediu para ela voltar e ela voltou. Mas logo que voltou, começaram as humilhações e ofensas de novo. Neste momento, ela percebe que não tinha mais como continuar e procura o escritório de advocacia. Este escritório a orienta inicialmente, manda uma proposta de honorários, que acabou não sendo fechada porque aconteceu, no meio, o óbito do Marcos.

Conforme Santoro, a advogada teria cobrado R$ 70 mil de pró-labore, além de 10% de tudo que Elize conseguisse no divórcio.

Exumação

Na análise de Santoro o resultado da exumação do corpo do executivo, divulgado recentemente, derruba o laudo necroscópico, assinado pelo médico-legista Jorge Pereira de Oliveira.

— Desmentiu o perito com relação à distância do tiro. Desmentiu o perito quando ele disse que Elize esquartejou o Marcos em vida. Você tem que analisar esse laudo [da exumação] junto com o laudo complementar da anatomopatologia, que é o que faz os exames laboratoriais. O exame anatomopatológico deixa muito claro ausência de sinais de reação vital. Isso quer dizer o quê? Que quando foi feita a segmentação do corpo do Marcos, ele já se encontrava morto.

Indagado se não considerava que o fato de o novo exame ter sido realizado quase um ano após a morte da vítima não poderia interferir no resultado, responde:

— Se tivesse interferido, a perita teria dado o laudo como inconclusivo, mas não foi isso. Ainda era possível. Isso, para a defesa, deixa claro que o esquartejamento, a segmentação do corpo, ocorreu, pelo menos, três horas após a morte dele.

O novo laudo informou ainda que Marcos Matsunaga teria perdido a consciência após levar o tiro. Na interpretação do advogado, este detalhe elimina a qualificadora meio cruel.

— No primeiro laudo, o doutor Jorge coloca que não havia possibilidade de constatar se Marcos estava consciente ou inconsciente, o que o novo laudo mostra o contrário. Pela região onde foi atingido, ele ficou inconsciente imediatamente após o tiro. Nesse momento, em que ele afasta a consciência, cai por terra a qualificadora crueldade, colocada pelo Ministério Público.

Sobre a suspeita de que Elize teria recebido ajuda de um comparsa para esquartejar e ocultar o corpo do marido, ironiza.

— No domingo, completa um ano do crime. Daqui a alguns dias, completa um ano das investigações e, até hoje, não tem um único dado que indique uma terceira pessoa. Ele se sustenta num exame que fala que havia uma mistura de DNA, só que o Ministério Público não fala para a opinião pública aquilo que o outro laudo disse, que essa mistura de DNA poderia estar lá há 20 anos, que não tem como saber se ela é concomitante, se é anterior, se é posterior. A gente tem outros elementos de prova que indicam que não há uma terceira pessoa no crime. Só se uma pessoa entrou [na cobertura] de trenó, rapel.

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