Em 2020, Polícia Militar de SP mata uma pessoa a cada 8 horas
De acordo com os dados oficiais do Governo de São Paulo, 180 pessoas foram mortas por policiais militares nos dois primeiros meses do ano
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Policiais militares fardados mataram 154 pessoas no Estado de São Paulo em casos de supostas resistências. Outras 26 pessoas foram mortas por PMs de folga que, após a ocorrência, disseram que houve confronto. Os dados foram publicados nesta terça-feira (31), no Diário Oficial.
O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço é o maior da série histórica, iniciada em 2001. No total, incluindo vítimas de PMs em serviço e em folga, a média é de um morto a cada oito horas no Estado de São Paulo.
Na Polícia Civil, os casos são registrados como "morte decorrente de intervenção policial". O termo passou a ser usado pelos policiais em substituição aos antigos “autos de resistências”, como eram registrados os casos em que o suspeito abordado supostamente reage à ação da polícia.
Conforme os dados oficiais do Governo de São Paulo, em fevereiro deste ano houve 78 mortos por policiais militares em serviço. Este número é 44,4% maior do que o mesmo mês do ano passado, quando houve 54 mortes.
O primeiro mês deste ano também superou janeiro do ano passado no número de pessoas mortas por PMs fardados. Neste ano houve 76 mortes em supostos confrontos com policiais, enquanto 58 pessoas foram mortas nesse tipo de ocorrência em janeiro de 2019.
Já o número de pessoas mortas por policiais militares de folga em fevereiro deste ano foi três vezes maior do que do ano passado, passando de seis para 18. Em janeiro deste ano houve diminuição de uma morte em relação ao mesmo mês do ano passado — reduziu de nove para oito.
Questionada pela reportagem, a Polícia Militar disse, por meio de nota, que "o policial militar age para proteger vidas, no estrito cumprimento do dever legal, e a iniciativa do confronto é sempre do criminoso, que reage a ação policial".
Ainda na nota, a PM disse que todas as ocorrências de mortes decorrente de intervenção policial são investigadas por meio de inquéritos instaurados na Polícia Militar e na Polícia Civil, e que "todas as circunstâncias relativas a tais eventos são avaliadas e acompanhadas pelo Ministério Público".
A instituição acredita que o motivo da alta no número seja porque "a Polícia Militar atua diuturnamente para combater a criminalidade e garantir a segurança da população", e por isso "o tempo de resposta dos agentes aos chamados de crime diminui, possibilitando às equipes, muitas vezes, chegar ao local da ocorrência com ela ainda em andamento".