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Em 4 meses, SP tem mais casos de dengue em 2021 que 2020 inteiro

Último boletim divulgado pela prefeitura paulistana indicou 2.200 registros da doença até 20 de abril. No ano passado, foram 2.015

São Paulo|Guilherme Padin, do R7

Cuidado com focos de água parada deve ser contínuo
Cuidado com focos de água parada deve ser contínuo

A cidade de São Paulo (SP) já teve, nos quatro primeiros meses de 2021, mais casos de dengue do que em todo o ano passado.

Até o último boletim da prefeitura paulistana, divulgado em 20 de abril, foram 2.200 casos, enquanto 2020 teve 2015 registros da doença causada pelo mosquito Aedes aegypti.

O alto número de casos este ano pode ser explicado por duas razões principais, segundo Maurício Nogueira, virologista e ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia).

A primeira razão é que, segundo Nogueira, a dengue se dá de forma “extremamente sazonal”. A maioria dos casos se concentra de dezembro a junho. “Isso se relaciona ao período de chuvas no país, portanto de maior incidência de mosquitos”, comenta. Portanto, se comparados somente os quatro primeiros meses dos dois anos, o aumento também foi significativo: de 1.657 em 2020 a 2.200 em 2021 (sem os registros dos últimos dez dias), uma alta de 32,7%.


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A outra razão, ele explica, seria o surgimento de uma variante do vírus da dengue, que surgiu em 2018 e atingiu o interior paulista e a região Centro-Oeste do Brasil. Um ano depois da descoberta da nova cepa, o número de casos disparou. Foram 586 em 2018 e 16.966 em 2019.

Após a explosão de casos em 2019, o número despencou em 2020. Mas por quê?


Segundo o virologista, os índices de isolamento social mais altos no início da pandemia de covid-19 ajudaram a impedir a proliferação da doença. O vírus não se espalhou porque a circulação diminuiu.

Porém, com os deslocamentos dos paulistanos registrados entre as festas de fim do ano e o carnaval de 2021 e a consequente exposição das pessoas a novos focos do mosquito, os casos voltaram a ter alta.


É por essa razão que, à medida que a pandemia for superada e as pessoas voltarem a se dispersar, os casos devem subir ainda mais. “Nos próximos dois anos, entre 2022 e 2023, essa variante deve atingir o Brasil inteiro”, aponta Nogueira.

Relação dos casos de dengue entre 2017 e 2021 na cidade de São Paulo
Relação dos casos de dengue entre 2017 e 2021 na cidade de São Paulo

Bairros com mais casos

Os bairros de São Paulo com maior número de casos de dengue em 2021 se espalham pelas regiões leste, sul e norte da capital: Cachoeirinha, com 137, é o local com mais registros, seguido por Cidade Tiradentes (105), Jardim São Luiz (100), Cidade Líder (96) e Brasilândia (76).

Quando considerada a incidência por 100 mil habitantes, o distrito que ocupa o topo da lista é a Barra Funda, que, mesmo com 18 casos, possui coeficiente de 110,1. Os seguintes são Cachoeirinha (93,3), Cambuci (53), Raposo Tavares (48,2) e Jaçanã (46,8).

Confira a relação completa dos casos de dengue em SP por ano e por bairro
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Cuidados

Trabalho de agentes de zoonoses segue ativo na pandemia
Trabalho de agentes de zoonoses segue ativo na pandemia

Os cuidados contra a dengue, lembra Nogueira, seguem os mesmos: evitar o acúmulo de água parada e lixo, onde pode haver criadouro do mosquito.

Veja também: Vigilância pede atenção no combate ao mosquito da dengue em SP

Para comunicar à Prefeitura de São Paulo sobre locais de foco, basta ligar 156. Pela internet, o canal para solicitações sobre mosquitos é o Portal de Atendimento da Prefeitura de São Paulo 156.

Posicionamento da Prefeitura

Em nota, a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) informou que, mesmo em meio à pandemia de covid-19, todas as atividades de controle do Aedes aegypti, incluindo a ação casa-a-casa, estão sendo realizadas, conforme recomendação do Ministério da Saúde.

Além da aplicação de inseticida por meio de termonebulização, que ocorre de maneira contínua, também prosseguem as ações preventivas como monitoramento quinzenal de todos os córregos pertencentes à área de abrangência da região. Além disso, continuam sendo realizados o envio de relatórios mensais à Divisão de Vigilância em Zoonoses e à Subprefeitura local, a solicitação de manutenção e limpeza de bueiros e galerias, as vistorias nos endereços solicitados;, o mapeamento e diagnóstico de área, com o cruzamento de informações obtidas em vistorias e a aplicação de inseticida em áreas delimitadas.

A Divisão de Vigilância de Zoonoses da Covisa comprou recentemente 30 veículos, distribuídos às 27 UVIs (Unidades de Vigilância em Saúde), para ações de nebulização de inseticida e larvicida biológicos, no combate aos mosquitos Culex (pernilongos) e Aedes aegypti (causador da dengue) em pontos estratégicos da cidade.

Os casos de dengue e outras doenças provocadas por mosquitos, separados por semana epidemiológica, podem ser acessados neste link.

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