Empresários fazem nova carreata contra o aumento do ICMS em SP
Comboio do setor de carnes e derivados se reúne no estádio do Pacaembu e pretende seguir até o Palácio dos Bandeirantes
São Paulo|Do R7
Empresários do setor de carnes e derivados fizeram nesta quarta-feira (27) um protesto contra o aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). As mudanças foram anunciadas pelo governo do estado e passaram a valer no dia 15 deste mês. O ato terminou às 14h, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, na zona sul da capital.
O ato começou às 5h na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, na zona oeste. De acordo com a organização, mais de mil caminhões tomaram as ruas em comboio.
A manifestação causou congestionamento em importantes vias da cidade, como as Marginais Tietê e Pinheiros, avenida Rebouças e ainda as rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera. A capital paulista tinha 38 quilômetros de congestionamento às 9h, por causa da carreata.
A Polícia Militar fez bloqueios em todos os acessos ao Palácio dos Bandeirantes para impedir a aproximação dos manifestantes.
Profissionais de frigoríficos, açougues e distribuidores marcaram o protesto porque a categoria considera abusivo o aumento do imposto. Segundo os organizadores do ato, a medida do governo vai impactar nos preços da carne de boi e frango, que vão ficar ainda mais caros ao consumidor. Os mais prejudicados serão os mais pobres, que não terão condições de pagar pelos alimentos.
Leia também
Outro impacto do aumento do ICMS será sentido por bares e restaurantes, já afetados pelas restrições para tentar barrar a propagação do novo coronavírus. Segundo o setor, os preços das refeições também devem ficar mais caros.
A categoria teme ainda que aumente o desemprego no estado de São Paulo.
Um dos participantes do protesto afirmou à Record TV que o efeito do aumento do ICMS será em cadeia: "Nós não vamos conseguir sobreviver por mais dois meses. As vendas caíram 80%, mas o imposto subiu".
Aumento do ICMS
Na ocasião, o governo justificou o reajuste do imposto como uma forma de aumentar a arrecadação do estado em meio à pandemia. Com isso, foram retirados benefícios fiscais de determinados setores da economia.
Em entrevista à rádio BandNews FM na manhã desta quarta-feira, o governador João Doria (PSDB) negou que houve aumento do imposto. "Uma coisa é aumentar imposto e outra é reduzir benefícios fiscais. Não é a mesma coisa. Não há nenhum aumento de imposto em São Paulo. O governo não aumentou e nem vai aumentar", disse.
O governador ainda destacou que "toda a cadeia alimentícia foi amparada e protegida. As circunstâncias que podem criar algum tipo de situação nos pequenos açougues, o diálogo segue aberto".
Doria voltou a defender que a mudança tem limite máximo de 24 meses e alegou que o estado também foi atingido pela crise fiscal. "Temos responsabilidade fiscal e não vai acontecer o que aconteceu no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. O Rio tem dificuldade para pagar combustível para as viaturas do sistema de segurança. [...] É preciso equilíbrio, diálogo e entendimento".
Protesto
O senador Major Olímpio (PSL) apoia o protesto: "Não dá pra colocar uma alíquota do ICMS do tamanho que foi colocado. Esse decreto foi despótico. Estamos lutando pelas empresas e pelo emprego. Famílias estão implorando para trabalhar e produzir e quer que o produto chegue de forma que a população mais pobre possa consumir".
De acordo com o parlamentar, o ato não é uma manifestação política. "Só no estado de São Paulo teve esse aumento e vai prejudicar a competitividade dos produtos com outros estados. Tenho dados da Secretaria da Fazenda que mostram que, mesmo com a pandemia, a arrecadação não diminuiu em 2020", enfatizou.
O que diz o governo
Em nota, a secretaria estadual da Fazenda e Planejamento afirmou que o protesto "é uma manifestação de caráter político, incentivada por setores ligados ao bolsonarismo, que buscam não o diálogo, mas o desgaste do governo paulista."
A secretaria afirma que, desde o ano passado, dialoga com o setor de carnes e aves sobre a redução de benefícios fiscais em caráter emergencial e temporário. O resultado para o setor de avse, diz o texto, foi restabelecer o benefício fisca até 7 de abril, quando o ICMS passa a ser de 7% nas operações dentro do estado de São Paulo.
No caso da carne, o governo restabeleceu parte do benefício fiscal concedido para abatedores e frigoríficos. A partir de 1º de abril, o ICMS fica em 6,1%.
Segundo a secretaria, "a alíquota base de ICMS é de 12% e o benefício concedido ao setor é o crédito outorgado. Desta forma, carnes e aves continuam a usufruir de benefícios fiscais."