Enel culpa o calor pelo apagão no centro de São Paulo
Ao R7, diretora da concessionária de energia diz que rede subterrânea de cabos exige 'procedimentos longos'
São Paulo|Fernando Mellis, do R7
No quinto dia de apagão no centro de São Paulo, nesta sexta-feira (22), a diretora de Redes de Alta-Tensão e Subterrânea da Enel, Karine Torres, afirma que houve dois episódios diferentes que deixaram milhares de paulistanos às escuras. Segundo a executiva, as altas temperaturas registradas na cidade nesta semana contribuíram para a queda de energia.
A primeira queda de energia no centro ocorreu na manhã de segunda-feira (18), na Vila Buarque, mas afetou também o entorno, bairros como Santa Cecília, Higienópolis, Consolação, Cerqueira César e Bela Vista.
Em relação a esse episódio específico, a Enel alega que a Sabesp rompeu a fiação da rede subterrânea, o que a companhia de saneamento nega.
Outros dois apagões afetaram áreas atingidas pelo problema de segunda-feira ou novos locais, na quarta e na quinta-feira. A própria companhia estima que cerca de 35 mil consumidores foram atingidos.
Na quinta-feira (21), toda a avenida São João e quarteirões da República, que não haviam sido prejudicados até então, ficaram sem energia — a maioria dos imóveis permanecia sem luz na noite desta sexta-feira.
"Os eventos foram ocasionados devido a um excesso de temperatura, uma sequência de dias muito quentes que a capital paulista sofreu, inclusive temperaturas recordes para um mês de março, historicamente falando, aliados a um consumo excessivo de energia nos horários de ponta que tivemos. Esse consumo é importante frisar não somente o consumo declarado pelos nosso clientes, mas também relacionados a cargas ligadas à revelia ou até mesmo ligações clandestinas", justificou Karine Torres ao R7.
Além desse apagão de segunda-feira, a região da rua 25 de Março já havia sofrido com falta de luz no fim de semana passado, assim como o aeroporto de Congonhas, que teve que interromper as operações na sexta-feira (15).
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Reparos
Karine diz que a rede subterrânea tem especificidades que dificultam o reparo de problemas. Até o momento, não há, porém, uma explicação clara para uma falha tão disseminada e inédita no centro.
"Para que as nossas equipes possam adentrar nessas câmaras subterrâneas e realizar os reparos, precisam ser seguidos protocolos bastante rigorosos de segurança para não expor esses profissionais e a população a riscos", afirma.
Ela destaca a extinção de fumaça e a redução das temperaturas no interior desses túneis.
"Esses ativos [cabos e transformadores] geram um calor bastante grande, e para isso é necessário uma ventilação forçada. Em alguns casos, a remoção de água que pode se depositar nos fundos dessas galerias. Além disso, medição de gases, para não colocar nossas equipes em risco. São vários procedimentos, e esses procedimentos são longos", acrescenta.
Medidas
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já pediu a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que investigue de maneira "célere e rígida" a atuação da companhia diante dos apagões na maior cidade do país.
Posteriormente, ele alegou que a companhia é incapaz de prestar serviços de qualidade à população.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu, nesta sexta-feira, que a Corte apure "possível ineficiência na prestação de serviço da concessionária Enel Distribuição São Paulo após as recorrentes interrupções no fornecimento de energia elétrica em regiões do estado".