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Entenda as semelhanças entre o furacão Milton e a tempestade em São Paulo

Mudanças climáticas que causaram recordes de calor neste ano favorecem surgimento de eventos extremos

São Paulo|Vivian Masutti, do R7

Furacão Milton visto por imagem de satélite Reprodução/Record News - 9/10/2024

A tempestade que castigou o estado de São Paulo na noite desta sexta-feira (11) tem mais semelhanças com o furacão Milton, que devastou o sul dos Estados Unidos na quarta (9), do que o rastro de destruição e morte.

Ambas as tragédias, responsáveis por 7 vítimas fatais em solo nacional e de 17 no hemisfério norte, foram intensificadas pelas mudanças climáticas, autoras de recordes sucessivos de temperatura no planeta ao longo deste ano.

Embora as nuvens causadoras dessas precipitações tenham se formado em locais distintos — no continente, no caso do Brasil, e no oceano, no do desastre americano —, os dois fenômenos estão relacionados ao aumento do efeito estufa: 2024 foi o ano mais quente da história, segundo o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus.

Mapa mostra a formação do furacão Milton no golfo do México Reprodução/Record News - 10.10.2024

Especialistas ouvidos pela reportagem detalham como a formação do temporal e do furacão se deu a partir de alterações atípicas de fatores cruciais como: o calor, a umidade do ar e a pressão atmosférica de uma determinada região.


De acordo com pesquisa recente da organização World Weather Attribution, um grupo internacional de cientistas que estuda como essas variações influenciam a probabilidade e a intensidade de eventos climáticos extremos, as ondas de calor no hemisfério norte, por exemplo, tornaram-se 35 vezes mais prováveis desde o início do milênio.

O clima está cada vez mais inflamável. É um processo que a gente não tem como esconder mais e com o qual vamos ter que lidar”, diz o meteorologista Guilherme Borges, do Climatempo.


Professor de física atmosférica da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo vai além e prevê ainda mais mortes do que as causadas pelos desastres naturais da última semana.

“Ao menos 2 ou 3 bilhões de pessoas no nosso planeta não vão conseguir sobreviver a essas emergências climáticas”, diz. “Precisamos acabar urgentemente com a exploração de combustíveis fósseis e desenvolver fontes de energia sustentável como a eólica”, completa Artaxo.


Como se formou o temporal em São Paulo?

Queda de árvores sobre a rede elétrica interditou a avenida Santo Amaro, após temporal em São Paulo Marco Ambrosio/Ato Press/Estadão Conteúdo – 12.10.2024

A chuva com rajadas de vento de mais de 100 km/h que atingiu a região metropolitana paulista foi provocada pela passagem de um aglomerado de nuvens do tipo “cumulonimbus”, segundo o Climatempo.

Elas se formaram ao longo da própria sexta-feira, estimuladas pela grande disponibilidade de umidade na região e pelo encontro da atmosfera aquecida do estado com a frente fria proveniente do litoral, em uma área de baixa pressão — entre o Paraguai e o Mato Grosso do Sul.

Como se formou o furacão nos Estados Unidos?

Já o furacão Milton é resultado de um movimento atípico dos ventos do oeste para o leste no hemisfério norte, diferentemente da maioria dos ciclones tropicais, que também se formam em águas quentes, mas seguem direção contrária.

O fenômeno é mais um resultado de uma combinação de elementos mortal, que inclui as altas temperaturas do Atlântico tropical. Foi essa situação que forneceu energia para o redirecionamento dos ventos para o norte, em vez de limitá-los à região do Caribe e do golfo do México.

Raridade dos furacões na América do Sul

A preocupação dos brasileiros com a possibilidade de furacões começarem a atingir o país é legítima desde a passagem do Catarina pela região Sul, em 2004. Mas, para que eles se formem, a junção dessas características ainda é rara. Isso porque o Atlântico Sul é mais calmo, devido à falta de ondas tropicais, comuns no hemisfério norte.

De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, haverá menos picos de calor no verão de 2025, que começa entre 21 e 22 de dezembro no hemisfério sul. “Será ameno e marcado por uma maior frequência de corredores de umidade.”

Mas alerta para um aumento na quantidade de chuvas, principalmente no Centro-Oeste e no Sudeste.

“Dezembro e janeiro são meses tradicionalmente mais chuvosos. Isso preocupa um pouco, já que as lavouras de soja estarão em fase final de desenvolvimento e início de colheita”, diz a meteorologista.

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